Anunciante corta patrocínio após fala antissemita e Monark se afasta

“Se o cara quiser ser um antijudeu, eu acho que ele tinha direito de ser”, disse apresentador. Startup encerra contrato com Estúdios Flow

Apresentador Monark, do Flow, reclamou da cultura do cancelamento e negou ser simpatizante do nazismo
08 de Fevereiro, 2022 | 02:42 PM

Bloomberg Línea — A startup Flash Benefícios anunciou, nesta terça-feira (8), o encerramento formal e imediato de seu contrato de patrocínio com os Estúdios Flow, após um dos apresentadores do “Flow Podcast” ser acusado de antissemitismo, em programa exibido ontem (7). Diante das manifestações de repúdio, o youtuber Bruno Aiub, conhecido como Monark, foi afastado do programa.

O programa tem ganhado notoriedade no país por entrevistas com políticos e outras personalidades, em tom informal. Não é o primeiro patrocínio que a atração perde. No ano passado, o aplicativo Ifood também retirou o patrocínio após tuítes controversos do apresentador.

“Não há sociedade livre quando há intolerância ou busca de legitimação de discursos odiosos, nazistas e racistas, tecidos a partir de uma suposta liberdade de expressão. Reforçamos que todo e qualquer tipo de opinião jamais pode ferir, ignorar ou questionar a existência de alguém ou de um grupo da sociedade”, diz nota divulgada pela empresa, que atua no mercado brasileiro de benefícios flexíveis.

Durante o episódio 545 do podcast, Monark defendeu a existência de um partido nazista durante conversa com os deputados federais Tabata Amaral (PSB-SP) e Kim Kataguiri (Podemos-SP).

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Ele disse que a “esquerda radical tem muito mais espaço do que a direita radical” e defendeu a existência de um partido nazista. Na discussão, Tabata Amaral contestou: “A existência de um partido nazista fere a existência da comunidade judaica”.

Monark insistiu: “Se o cara quiser ser um antijudeu, eu acho que ele tinha direito de ser”.

Nas redes sociais, o Instituto Brasil-Israel questionou a Flash Benefícios e a loja de roupas Insider Store. “É sério que vocês vão continuar patrocinando quem diz que ‘tinha que ter o partido nazista, reconhecido pela lei’ e que ‘se o cara quiser ser um antijudeu, eu acho que ele tinha direito de ser’?

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“Acreditamos que liberdade de expressão, diálogo, pluralidade, e até mesmo a individualidade, só existem em uma sociedade onde há respeito mútuo. Qualquer atitude que fere e subjuga a existência de qualquer ser humano é crime e deve ser encarada como tal”, afirmou a nota da Flash Benefícios.

Em sua rede social, Monark comentou, em vídeo, a repercussão negativa do caso, comparando mortes provocadas pelo comunismo e pelo nazismo, e acusando os críticos de tirar suas palavras do contexto. Ele negou ser nazista e xingou ainda quem defende nazismo, dizendo ser a favor da liberdade de expressão. “Essa cultura de cancelamento está um pouco absurda. Não consigo mais ter uma conversa nos meus programas”.

Desligamento

Após a repercussão negativa do caso, o Estúdios Flow divulgou, nesta tarde, um pronunciamento oficial, comunicando que o episódio foi tirado do ar, que Monark está desligado da empresa e pediu desculpas à comunidade judaica.

Pedimos desculpas à comunidade judaica em especial e a todas as pessoas, bem como repudiamos todo e qualquer tipo de posicionamento que possa ferir, ignorar ou questionar a existência de alguém ou de uma sociedade”, citou a nota.

No início da noite, a Insider Store anunciou que retirou o patrocínio ao Flow Podcast. “Esperamos que o apresentador faça uma retratação formal e que seja destituído de suas funções por violar direitos fundamentais. Que medidas cabíveis sejam tomadas e que sirvam de exemplo para que posicionamentos como este nunca mais aconteçam”, disse a empresa, em nota, classificando as falas de Monark durante o programa de ontem como “de cunho antissemita e racista”.

(Atualiza às 16h55 com nota da Estúdios Flow e às 18h40 com nota da Insider)

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.