Previsão de juro abaixo de 2% até 2023 sustenta bolsas nos EUA

Projeção fica abaixo da faixa de 2,25% a 2,5% do quarto trimestre de 2018, período turbulento para os investidores

Apetite por risco tende a se manter enquanto houver a percepção de que a taxa terminal implementada pelo Fed não será alta demais
Por Katie Greifeld
01 de Fevereiro, 2022 | 03:20 PM

Bloomberg — Embora as tentativas de entender a velocidade do aumento da taxa básica de juros nos EUA tenham provocado enorme volatilidade nas bolsas, as expectativas sobre o destino dessa taxa mantêm a situação sob controle.

Apesar das oscilações dramáticas nos preços dos ativos após a reunião de política monetária da semana passada, os investidores ainda preveem que o ciclo de aperto pelo Federal Reserve deixará o juro básico abaixo de 1,75% até o final de 2023, segundo dados compilados pela Bloomberg. A projeção está bem abaixo da faixa de 2,25% a 2,5% vigente no quarto trimestre de 2018, que foi um período de turbulência muito pior para os investidores.

Um teto baixo para os juros, expectativas robustas para os lucros das empresas e o crescimento econômico ainda forte sustentam as apostas em alta das bolsas neste início de 2022. O S&P 500 teve o maior ganho em dois pregões desde abril de 2020, após a semana em que o índice de referência do mercado acionário americano sofreu três das piores reviravoltas da década.

O giro vem da previsão de que o juro básico subirá a partir de zero, mas o apetite por risco tende a se manter enquanto houver a percepção de que a taxa terminal implementada pelo Fed não será alta demais, explicou Art Hogan, estrategista-chefe de mercado da National Securities.

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“Se os juros subirem seis vezes nos próximos 24 meses, chegaríamos ao intervalo de 1,75% ou 2%. É uma taxa básica muito normal”, disse Hogan. “É o caminho para chegar lá que causa mais preocupação, mas aí começa e se vê que o mundo não desaba por causa de aumentos de 0,25 ponto percentual por trimestre durante os próximos oito trimestres ou qualquer que seja o ritmo.”

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A maior agressividade esperada do Fed abalou ações de tecnologia com múltiplos esticados. No mercado de títulos do Tesouro americano, o rendimento dos papéis com prazo de dois anos — mais sensíveis às decisões esperadas do Fed — disparou em janeiro. O índice Nasdaq 100 teve seu pior mês desde dezembro de 2018, mas também registrou o maior ganho em dois pregões desde novembro de 2020, embalado pelos investidores interessados em pechinchas.

A movimentação de segunda-feira dá ideia do que está por vir se o Fed levar os juros a apenas 2%, afirmou Chris Zaccarelli, diretor de investimentos da Independent Advisor Alliance. No entanto, diante da maior inflação em quase quatro décadas, ele acha que as autoridades vão elevar mais do que os mercados preveem.

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“Se a taxa básica de juros ficar em 2% ou abaixo disso, a implicação para as ações é o que se viu na sexta e segunda-feira -- uma grande disparada dos ativos de risco”, disse Zaccarelli. “Infelizmente, não acho que a inflação será domada sem o juro passar de 2%, então ficarei surpreso se não houver volatilidade neste ano e no próximo.”

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