Pacote de ajuda às famílias está parado no Congresso dos EUA

Número de pessoas com dificuldades para pagar contas é o maior desde março de 2021, pouco antes de Biden distribuir estímulos

Qualquer avanço permanece vulnerável às variantes da covid, aos contínuos problemas nas cadeias de abastecimento e à capacidade do Fed de frear a inflação sem sufocar o crescimento
Por Mike Dorning e Erik Wasson
31 de Janeiro, 2022 | 11:23 AM

Bloomberg — As famílias americanas estão sentindo no bolso a alta da inflação e a persistência da pandemia. Enquanto isso, um Partido Democrata sem consenso retoma os trabalhos em Washington não mais perto de um acordo sobre o projeto de lei elaborado para proporcionar alívio, alterando impostos e gastos públicos.

Apesar de a economia dos Estados Unidos ter crescido a uma espetacular taxa anualizada de 6,9% durante o último trimestre de 2021, outros indicadores contam uma história muito diferente. O salário médio está perdendo para a inflação e a confiança do consumidor despencou em janeiro para o menor nível em mais de uma década.

O número de pessoas com dificuldades para pagar as contas é o maior desde março de 2021, pouco antes de o governo do presidente Joe Biden começar a distribuir cheques de estímulo e outras medidas de alívio. A parcela da população que passa fome voltou a aumentar.

É um começo desanimador de um ano que terá uma importante eleição legislativa, em que os democratas lutarão para manter ínfima maioria nas câmaras no Congresso. Biden assumiu a Casa Branca com a ambição de enfrentar desigualdades econômicas arraigadas e melhorar as perspectivas para os pobres e a classe média. No entanto, uma cisão intrapartidária interrompeu o progresso do plano dele, voltado para impostos e gastos sociais.

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“Estamos vendo mais uma vez que a pandemia está afetando profundamente as finanças das famílias”, disse Claudia Sahm, atual diretora de pesquisa macroeconômica do Jain Family Institute que já trabalhou como economista do banco central (Federal Reserve). “São as pessoas que têm menos que continuam sofrendo mais.”

Esse aperto financeiro pode diminuir quando a ômicron der trégua. Mas qualquer avanço permanece vulnerável às variantes da covid-19, aos contínuos problemas nas cadeias de abastecimento e à capacidade do Fed de frear a inflação sem sufocar o crescimento.

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A expectativa é que conversas informais em torno do pacote Build Back Better de Biden sejam retomadas nesta semana, segundo uma pessoa a par das movimentações. As negociações azedaram depois que o senador democrata Joe Manchin manifestou oposição ao pacote. Entre os parlamentares republicanos, a oposição é unânime. Como a divisão atual no Senado é de exatamente 50 assentos para cada partido, os democratas precisam do voto de Manchin.

Em entrevista ao programa This Week do canal de televisão ABC no domingo, o senador democrata Dick Durbin contou que está tentando convencer Manchin e outra pessoa contrária, a senadora Kyrsten Sinema, a aceitar um acordo.

“Não quero desistir”, disse Durbin. “Já debatemos por tempo suficiente.”.

A ala progressista dos deputados democratas quer que o acordo saia até 1º de março – data em que Biden discursa no Congresso. Mas a presidente da Câmara de Deputados, Nancy Pelosi, indicou na sexta-feira que essa meta pode não se concretizar.

“Não temos um cronograma”, disse Pelosi. “Vamos aprovar o projeto quando tivermos os votos para aprová-lo.”

Os democratas não sabem se Manchin prefere esperar o recuo dos índices de inflação antes de fazer um acordo. Em entrevista a uma estação de rádio na semana passada, o senador disse que a inflação persistente é uma razão para adiar o aumento de gastos públicos.

“Você deveria estar morrendo de medo da inflação e do que ela pode fazer”, alertou Manchin, acrescentando que está disposto a conversar sobre uma revisão no projeto de lei.

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