Pandemia: países ‘populistas’ tiveram desempenho ruim, aponta estudo

Excesso de mortalidade foi mais que o dobro em países liderados por governos considerados populistas

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Bloomberg — Estados Unidos, Brasil, Reino Unido e outros países com governos “populistas” administraram mal a pandemia de covid-19 em 2020 e causaram mortes desnecessárias com políticas relativamente brandas, segundo um trabalho de pesquisa acadêmica.

O excesso de mortalidade – número de mortes além do esperado sem a pandemia – foi, em média, mais que o dobro nos países governados por populistas, relatou Michael Bayerlein, pesquisador do Instituto Kiel para a Economia Mundial e um dos autores do artigo em questão, em comunicado à imprensa nesta quinta-feira (27).

O principal motivo da diferença foi que a “mobilidade dos cidadãos” – medida usando dados do Google sobre o número de pessoas em lugares como supermercados ou parques – foi maior em países populistas com taxas de infecção semelhantes, constatou o estudo. O excesso de mortalidade foi de 18% em países liderados por governos populistas e de 8% em países sem governos populistas.

Para fins do estudo, 11 governos foram classificados como “populistas”. Além dos países citados, a lista incluiu Polônia, Eslováquia, República Tcheca, Hungria, Índia, México, Israel e Turquia.

Esses governos eram menos propensos a implementar “políticas impopulares” para conter a propagação da pandemia, como lockdowns, segundo os autores.

Eles também determinaram que a estratégia de comunicação dos governos populistas normalmente minimizava a gravidade da pandemia e desacreditava constatações científicas. Portanto, os cidadãos estavam menos inclinados a levar o vírus a sério e restringir seus movimentos por iniciativa própria.

Os EUA tiveram o maior número de mortes por covid, com quase 880 mil, seguidos pelo Brasil, com quase 625 mil, segundo o Bloomberg Virus Tracker. A Índia registrou mais de 490 mil, e o Reino Unido, mais de 150 mil.

Além de Bayerlein, do Kiel Institute, os autores incluíram pesquisadores de universidades da Suécia, Noruega, Holanda e Grã-Bretanha.

--Esta notícia foi traduzida por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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