BTG Pactual compra carteira de pessoa física da corretora Planner

Banco desbancou XP em negociações, acirrando a disputa por CPFs na B3 com os clientes da tradicional corretora

BTG Pactual está comprando a carteira de pessoa física da corretora Planner
26 de Janeiro, 2022 | 08:52 AM

São Paulo — O BTG Pactual anunciou, nesta quarta-feira (26), a aquisição de 100% da carteira da tradicional Planner Investimentos no segmento de corretagem e assessoria de investimentos para pessoas físicas. A informação havia sido antecipada por Bloomberg Línea mais cedo, com uma fonte familiarizada com o assunto.

A XP estava na disputa pela carteira, segundo a fonte. O negócio acirra a disputa entre ambas empresas pelos cerca de 4 milhões de CPFs que mantêm R$ 450 milhões em investimentos de renda variável no país. No começo do mês, a XP adquiriu uma participação relevante da gestora de recursos e casa de análise Suno, de olho nesse mercado.

A estratégia do BTG Pactual nesse segmentos é aumentar o número de agentes autônomos. No ano passado, por exemplo, a EQI Investimentos trocou a XP, onde era um dos maiores escritórios parceiros de sua rede, pelo BTG.

O mês de janeiro está sendo marcado por outros anúncios de aquisições no setor financeiro. Além da Suno, a XP também anunciou a compra do Banco Modal e também a criação de uma corretora pelos seus escritórios parceiros BS e BRA Investimentos.

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Esses movimentos acontecem num momento de projeções negativas para o mercado de ações, com incertezas como a disputa presidencial, o esperado ciclo de alta dos juros nos EUA e as dificuldades da economia brasileira de sair da recessão técnica em meio às novas variantes da covid.

Nesta semana, o Ibovespa, principal índice da B3, ensaiou uma recuperação, voltando a flertar com o patamar de 110 mil pontos, após uma temporada em que ameaçou ficar abaixo da barreira psicológica dos 100 mil pontos. O comportamento positivo das ações de commodities, como Petrobras e Vale, foi crucial para a valorização recente do Ibovespa.

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Notas

Em comunicado, a Planner, fundada em 1996, confirmou a transação e falou dos seus próximos passos: “Após a negociação da sua carteira de pessoas físicas para o BTG Pactual, a Planner Investimentos, uma das corretoras mais tradicionais do mercado, acelera a sua digitalização e ruma para o futuro, reforçando suas equipes em áreas de atuação com foco maior em investidores institucionais, fundos, câmbio, investment banking, asset management, operações imobiliárias, agente fiduciário, operações estruturadas, assessoria financeira, entre outros, em âmbito nacional e internacional”.

“Em um mercado que passou por tantas transformações recentes, a Planner é uma referência importante, tanto para as instituições como para os profissionais do setor. Por isso, também com a adoção de novas tecnologias, continuaremos prestando serviços personalizados para os nossos clientes,”, disse Carlos Arnaldo, acionista e principal executivo da Planner, na nota.

O BTG Pactual também divulgou nota, considerando que a “aquisição faz parte da estratégia de expansão do BTG Pactual digital no segmento de assessoria de investimentos”.

“A aquisição dessa carteira da Planner nos permite ganhar ainda mais escala, com diluição de custos, ganhos de eficiência, sinergia e produtividade. Agora, esses assessores e clientes da Planner Investimentos terão acesso a toda a estrutura tecnológica e oferta de produtos do BTG Pactual”, afirmou Marcelo Flora, sócio responsável pelo BTG Pactual digital.

Segundo o comunicado, a operação anunciada não inclui nenhum CNPJ e nem a marca Planner, que seguirá operando normalmente no segmento institucional. “A decisão de vender a carteira de pessoas físicas e sair do business de corretagem e assessoria de investimentos para esse público faz parte da estratégia da Planner de focar em outros segmentos considerados prioritários”, informou o BTG.

(Atualiza às 9h15 com notas do BTG e da Planner)

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.