Covid: Mistura de Coronavac com diferentes reforços aumenta proteção

Pesquisa testou combinações de reforço em 1.240 pessoas do Brasil acima de 18 anos que haviam sido imunizadas com a Coronavac

A capacidade de neutralização contra ômicron foi induzida por quase todos aqueles que misturaram Coronavac com outra vacina
Por Irina Anghel
22 de Janeiro, 2022 | 04:58 PM

Bloomberg — As pessoas que tomaram duas doses da vacina contra covid-19 fabricada pela chinesa Sinovac Biotech devem tomar reforços com um imunizante diferente para aumentar sua proteção contra a ômicron, de acordo com um estudo de pesquisadores do Brasil e da Universidade de Oxford.

A pesquisa, publicada na sexta-feira (21) na revista científica The Lancet, testou combinações de reforço em 1.240 pessoas do Brasil acima de 18 anos que haviam sido imunizadas com a vacina da Sinovac, uma das mais usadas globalmente, seis meses antes. Enquanto aqueles que receberam uma terceira dose de Sinovac experimentaram um aumento nos anticorpos 28 dias depois, o nível de melhora foi muito maior em pessoas que receberam vacinas da Pfizer, AstraZeneca ou Johnson & Johnson.

A abordagem de reforço com misturas de fabricantes induziu uma proteção de anticorpos mais forte contra delta e ômicron, em comparação com uma terceira dose da vacina da Sinovac, conhecida como Coronavac, mostrou o estudo. Isso está de acordo com os achados de outros estudos que apoiam os chamados esquemas de reforço heterólogos.

A evidência de que o reforço de Sinovac aumenta os níveis de anticorpos é uma boa notícia para a empresa, bem como para a China e o resto do mundo em desenvolvimento, onde o produto é a vacina de escolha. A empresa chinesa disse no final do ano passado que estava se preparando para uma queda na receita, já que vários estudos levantaram dúvidas sobre a eficácia de sua vacina contra a ômicron, mesmo após uma dose de reforço. Ainda assim, as outras combinações foram melhores.

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Os dados mostram a “resposta extraordinária a uma terceira dose de vacinas contra o coronavírus em um calendário de vacinas heterólogas”, disse Sue Ann Costa Clemens, diretora do Oxford Vaccine Group no Brasil, acrescentando: “Esses dados também orientarão outros países de baixa e média renda na criação dos programas de reforço mais otimizados e acessíveis”.

O reforço da Pfizer aumentou os anticorpos 152 vezes, o maior aumento em todas as injeções estudadas. O aumento de uma terceira dose de CoronaVac foi de 12 vezes.

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A Sinovac e a Sinopharm, a outra grande fornecedora de vacinas contra a covid na China, contam com uma tecnologia de vacina inativada mais tradicional, enquanto a Pfizer usa a mais nova tecnologia de RNA mensageiro em suas inoculações.

A capacidade de neutralização contra ômicron foi induzida por quase todos aqueles que misturaram Coronavac com outra vacina. Em contraste, os pesquisadores disseram que apenas cerca de um terço dos que tomaram reforço com a coronavac tinham níveis detectáveis de neutralização contra a variante mais recente.

O estudo também descobriu que todos os reforços são seguros como acompanhamento de duas doses de Coronavac. Uma pessoa que recebeu o reforço com a injeção da Johnson & Johnson e duas que receberam a Pfizer sofreram sérios efeitos adversos potencialmente ligados à vacina, mas todos se recuperaram completamente.

Uma das limitações do estudo é que ele não mediu a imunidade das células T, o que daria uma indicação de proteção contra doenças graves.

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