PUBLICIDADE

Por que 2022 pode ser o ano dos criptoativos

Independentemente do excesso de liquidez, criptoativos atrairão novos investidores e tomarão um quinhão dos recursos hoje aplicados em ações, renda fixa e fundos de investimentos

Tempo de leitura: 3 minutos

Bloomberg Línea Ideias — A economia digital ganhou enorme relevância nos últimos dois anos. De certa forma, a pandemia da covid-19 acelerou um processo que já vinha acontecendo há algum tempo. Bitcoin, Ethereum, NFTs, fan tokens ou tokens lastreados em ativos reais chamaram a atenção de investidores institucionais e de varejo.

Em 2021, vimos os recordes de preço do Bitcoin, a explosão dos NFTs, os chamados non-fungible tokens, ou a crescente discussão sobre as possibilidades do uso de criptos no chamado metaverso. Enquanto reguladores do mundo todo tentam entender esse mercado, novos ativos e tecnologias são criados por desenvolvedores de jogos ou de aplicativos ligados às finanças descentralizadas.

Esse movimento acabou atraindo mais atenção dos fundos de venture capital. Segundo dados da PitchBook Data Inc., que ganhou uma reportagem aqui, esses investidores injetaram mais de US$ 30 bilhões em empresas de cripto em 2021. Esse valor supera a soma do que foi investido nessa indústria em todos os anos anteriores e é quase quatro vezes mais do que o recorde anterior, em 2018, quando os fundos de venture capital destinaram US$ 8 bilhões às empresas de cripto.

Apesar desse imenso avanço em 2021, a economia digital tem ainda mais espaço para crescer em 2022. Em setembro, o analista da Bloomberg Mike McGlone disse que o Bitcoin poderia chegar aos US$ 100 mil no segundo semestre deste ano porque a demanda continuará crescendo, enquanto que a oferta do Bitcoin é limitada.

PUBLICIDADE

E de onde virá essa demanda? De todos os segmentos do mercado. Os criptoativos já são uma realidade, fazendo parte da carteira de diversas empresas e pessoas. Por isso, investidores institucionais do mundo inteiro têm o dever fiduciário de avaliar uma exposição a esses ativos. É o que eles farão em 2022.

A demanda por instrumentos de captação mais leves e menos custosos, com menos intermediários também é uma demanda de longa data do mercado institucional.

No Brasil, fundos de pensão, por exemplo, enfrentam dificuldade para cumprir suas metas atuariais por causa da inflação elevada e o péssimo desempenho da renda variável. Ou seja, há um forte argumento para pensar que esses fundos começarão a alocar recursos em cripto. A demanda por instrumentos de captação mais leves e menos custosos, com menos intermediários também é uma demanda de longa data do mercado institucional.

No varejo, pequenos investidores ao redor do mundo também buscarão proteção contra a inflação. Em países como o México, com uma grande quantidade de imigrantes, as criptomoedas já servem para agilizar e diminuir o custo das remessas de dinheiro; na Argentina, para proteção contra um peso extremamente desvalorizado. E as empresas? Muitas, como a Tesla e a MicroStrategy, já estão alocando recursos de suas tesourarias em criptos. As brasileiras seguirão a mesma linha. É questão de tempo. Talvez, essa decisão seja tomada em 2022.

PUBLICIDADE

Esse processo mostra que a economia digital entrou num ciclo virtuoso. Em 2022, independentemente do excesso de liquidez do mundo, os criptoativos atrairão novos investidores e tomarão um quinhão importante dos recursos hoje aplicados em ativos de outros segmentos do mercado, como ações, renda fixa, fundos de investimentos etc.

Uma lei específica para o setor é salutar e ajudará a atrair ainda mais investidores

Nesse círculo, insere-se a regulação do mercado. No Brasil, movimentos do Senado e da Câmara deixaram o país próximo de ter uma legislação específica para o segmento, com os seus principais agentes, as exchanges, sendo supervisionadas por um órgão regulador. Embora esse mercado já atue de forma regulada, pois paga impostos e reporta dados à Receita Federal e COAF, no caso brasileiro, uma lei específica para o setor é salutar e ajudará a atrair ainda mais investidores.

Dentro desse contexto, empresas non-crypto native tentarão ganhar uma participação, atuando em diversos segmentos, como tokenização ou negociação de criptoativos. A concorrência é sempre bem-vinda. No entanto, esses entrantes não conseguirão competir em pé de igualdade com as crypto native. Desde os primórdios da nova economia digital, essas empresas vêm se preparando para esse momento: investiram pesado em inovação, em segurança, em equipes especializadas, na construção da infraestrutura de mercado. Além disso, como vimos acima, as crypto native estão altamente capitalizadas depois de receber bilhões de dólares de fundos de venture capital.

Por cerca de uma década, o mundo cripto foi acompanhado da seguinte pergunta: ‘’você investiria em criptoativos?” A pergunta que nos acompanhará em 2022 será: “quando você investirá em criptoativos?”

Este texto não reflete necessariamente a opinião dos conselhos editoriais da Bloomberg Línea, Falic Media ou Bloomberg LP e seus proprietários.

Roberto Dagnoni

Roberto Dagnoni

Roberto Dagnoni é CEO da 2TM, controladora do Mercado Bitcoin. Pós-graduado em contabilidade e economia pela FAE Business School, de Curitiba, e governança, em Harvard, o executivo passou por empresas como Cetip e B3