Claranet engrossa lista de desistências de IPO na B3

Pelo menos seis companhias já formalizam o cancelamento de ofertas iniciais de ações, citando preocupações com as condições do mercado no Brasil e no mundo

Escritório da Claranet, sediada em Barueri (Grande SP): companhia desistiu de oferta inicial de ações
13 de Janeiro, 2022 | 05:24 PM

São Paulo — A Claranet Technology aumentou a fila das companhias que desistiram de oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), totalizando seis no primeiro mês de 2022. A empresa de soluções de computação em nuvem, cibersegurança e dados, sediada em Barueri (Grande SP), comunicou, nesta quinta-feira (13), que pediu à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) o cancelamento do pedido do registro de oferta.

Dona da Mandic, uma das mais tradicionais empresas do mercado de tecnologia do Brasil, a companhia havia pedido o registro em agosto do ano passado. A operação teria como coordenadores o Itaú BBA (líder), BTG Pactual, XP e Morgan Stanley.

A oferta serviria para que os acionistas (Claranet Group, RW Brasil e Oria Tech) vendessem lote de ações em distribuição secundária. Os recursos a ser captados na oferta primária deveriam ser utilizados para pagamento de obrigações e despesas gerais corporativas e de vendas; aquisição de empresas; e investimento em crescimento orgânico da companhia, segundo o prospecto preliminar.

Veja mais: 2022 começa com quatro empresas desistindo de estrear na B3

PUBLICIDADE

O diretor de relações com investidores da companhia, Richemn Mourad, não citou razões para a decisão na nota enviada à CVM (Comissão de Valores Mobiliários). A piora das condições macroeconômicas, de maior aversão ao risco, em um cenário de incertezas, tem sido a principal justificativa mencionada pelas companhias, que encaminham seus pedidos de registros de IPO no segundo semestre do ano passado, quando as preocupações dos investidores com inflação, juros, variantes da covid, e o impacto dos persistentes gargalos logísticos e do mercado de trabalho no ritmo de recuperação das principais economias do mundo.

No último dia 7 de janeiro, foi a vez da Vero Internet apresentar a desistência do pedido de registro de oferta à autarquia federal. A manifestação da companhia se deu em razão do fim do prazo de interrupção de análise do processo de registro da oferta pública. A Vero citou como justificativa “as alterações das condições atuais dos mercados de capitais brasileiro e internacional”.

Um dia antes da Vero, outras quatro empresas desistiram de estrear na B3, segundo o site da CVM: Monte Rodovias, Ammo Varejo, Dori Alimentos e Environmental ESG Participações. O movimento é o oposto verificado no primeiro trimestre do ano passado, quando a fila para lançar ações no pregão do Bolsa não parava de crescer.

PUBLICIDADE

Balanço

Segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), os IPOs se destacaram em 2021, com 46 operações que movimentaram R$ 63,6 bilhões. O volume foi 46,9% maior do que o registrado em 2020 (R$ 43,5 bilhões), quando já havia sido verificada alta em relação aos períodos anteriores.

os follow-ons (emissões subsequentes) somaram R$ 64,5 bilhões em 26 operações em 2021, segundo a Anbima. Considerando o total de ofertas de ações no ano (R$ 128,1 bilhões), os fundos de investimento ficaram com a maior parte do valor levantado (48,4%), seguidos pelos investidores estrangeiros (35,5%), demais investidores institucionais (8,4%) e pelas pessoas físicas (6,7%).

Veja mais: Os 5 principais IPOs de 2021 na Bolsa brasileira, segundo gestor

De acordo com os dados da associação, as ofertas das companhias brasileiras no mercado de capitais totalizaram R$ 596 bilhões em 2021, o maior resultado da série histórica iniciada em 2012. Tanto as emissões de renda fixa, quanto as de renda variável, apresentaram volumes recordes (em valores nominais), de R 467,9 bilhões e de R$ 128,1 bilhões, respectivamente.

Tivemos um ótimo ano para as captações das empresas. O grande destaque foi a evolução do mercado como um todo. Não foi só uma classe de instrumentos que avançou, foram todas, na renda fixa e na variável”, concluiu José Eduardo Laloni, vice-presidente da Anbima, em comunicado.

Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.