São Paulo — As taxas de juros das operações de crédito tiveram nova alta em dezembro, no Brasil, e devem continuar em trajetória ascendente, segundo uma pesquisa divulgada pela Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), nesta segunda-feira (10).
A taxa de juros média geral para pessoa física apresentou uma elevação de 0,08 ponto percentual no mês (1,89 pontos percentuais no ano) correspondente a uma elevação de 1,27% no mês (1,74% em 12 meses) passando a mesma de 6,31% ao mês (108,40% ao ano) em novembro de 2021 para 6,39% ao mês (110,29% ao ano) em dezembro de 2021 sendo esta a maior taxa de juros desde dezembro de 2019. Todas as linhas de crédito para pessoa física tiveram suas taxas de juros elevadas no mês.
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Já a taxa de juros média geral para pessoa jurídica registrou alta de 0,05 ponto percentual no mês (0,87 ponto percentual no ano) referente a um aumento de 1,45% no mês (1,74% em 12 meses) passando a mesma de 3,44% ao mês (50,06% ao ano) em novembro de 2021 para 3,49% ao mês (50,93% ao ano) em dezembro de 2021, sendo esta a maior taxa de juros desde janeiro de 2019.
As elevações acontecem por causa do aumento dos juros futuros, da elevação da Selic (taxa básica de juros) e expectativa de novas elevações dela para 2022 frente a uma inflação maior, pela provável elevação dos índices de inadimplência, o anúncio das elevações dos impostos das instituições financeiras da CSLL (Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido) em 2021 e, ainda, a elevação das alíquotas dos depósitos compulsórios anunciado pelo Banco Central em 22 de novembro, que elevou as mesmas de 17% para 20% de forma a reduzir a liquidez do sistema financeiro de forma a combater a inflação. Essa avaliação é de Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo de estudos e pesquisas da Anefac, em comunicado sobre a pesquisa de juros.
Para Oliveira, a tendência é de que as taxas de juros das operações de crédito continuem subindo, tendo em vista a piora do cenário econômico com maior risco de crédito e da elevação da inadimplência, bem como com as prováveis novas elevações da Selic frente a uma inflação maior. Ele considera que “essa provável inadimplência pode ocorrer por causa do fim das carências nos empréstimos (pausas e carência nas negociações de dívidas), desemprego elevado, fim do pagamento dos auxílios emergenciais, elevação da inflação e seus efeitos na renda e maior seletividade dos bancos na concessão de crédito”.
Considerando todas as últimas elevações da Selic promovidas pelo Banco Central, houve uma elevação da Selic de 7,25 pontos percentuais (elevação de 362,50%) de 2% ao ano em janeiro para 9,25% ao ano em dezembro.
Neste período a taxa de juros média para pessoa física apresentou uma elevação de 17,70 pontos percentuais (elevação de 19,12%) de 92,59% ao ano em janeiro de2021 para 110,29% ao ano em dezembro de 2021. Nas operações de crédito para pessoa jurídica houve uma elevação de 9,73 pontos percentuais (elevação de 23,62%) de 41,20% ao ano em janeiro de 2021 para 50,93% ao ano em dezembro de 2021.
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