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Bitcoin deixaria de existir sem a internet?

Há alternativas para a transmissão das operações que não dependem da rede mundial de computadores, dizem especialistas

Operações com Bitcoin independem do uso da rede mundial de computadores para serem efetivadas
Tempo de leitura: 3 minutos

Por Gino Matos para Mercado Bitcoin

São Paulo — Quando se fala em Bitcoin e demais criptomoedas, uma dúvida que surge é se o fim da internet significaria o desaparecimento do Bitcoin. Teoricamente, o Bitcoin pode continuar existindo sem a internet.

“O que importa no Bitcoin são as normas do protocolo. Como o meio de transmissão das transações não é uma regra, então é possível utilizar ondas de rádio, internet ou outra forma válida de comunicação”, explica Bruno Ely Reis Garcia, desenvolvedor brasileiro que já colaborou com o código da criptomoeda e ganhou reconhecimento do mercado.

Garcia diz que as formas de montagem, validação e envio das transações de Bitcoin permanecem as mesmas, ainda que a rede mundial de computadores não seja utilizada. O ponto fundamental é a propagação da operação, que é quando um dispositivo da rede (também chamado de nó) recebe as informações do processo e precisa repassá-las ao restante da blockchain.

“Se um nó ou minerador da rede (aquele que consegue validar a operação) aceita receber uma transação por ondas de rádio, tudo bem. A questão é que, para repassar o conteúdo do que foi transacionado ao restante da rede descentralizada, é preciso fazer de maneira aceita pelos outros nós, sendo que, atualmente, a maioria faz essa transmissão pela internet. Então, em algum ponto, ela seguirá pela internet.”

Em um exemplo prático e fora da blockchain: é como se duas empresas precisassem trocar uma informação. Se ela será enviada por e-mail, fax, mensagem de texto ou em um envelope pelo correio não faz diferença, pois o que importa é o assunto.

Leandro Trindade, especialista em segurança da Access Security Lab, empresa focada em tecnologia da informação, reforça a afirmação de Garcia, mas avalia que isso abre uma brecha, ainda que pequena, para golpes, onde o pagamento é feito em Bitcoin. Se a transação é enviada por rádio, ela levará mais tempo para entrar na blockchain e passar pelo processo de validação que confirmaria o envio da moeda digital.

“Embora a segurança do protocolo permaneça a mesma, há uma questão prática, que é o risco de a transação ser interrompida e nunca chegar à blockchain”, diz Trindade.

Opções offline

Existem no mundo diferentes formas de envio offline do Bitcoin. Uma delas é com o uso de satélites, modelo desenvolvido pela Blockstream, companhia canadense de tecnologia voltada ao desenvolvimento de soluções no mercado de criptomoedas.

O site oficial da empresa explica que estações da Blockstream na Terra transmitem as transações para os satélites, que recebem o sinal e o repassa para antenas ao redor do mundo. Qualquer pessoa pode adquirir uma antena e um dispositivo USB para ser um participante da rede.

As ondas de rádio mencionadas também são uma alternativa para comunicar as transações de Bitcoin feitas, sendo até mesmo objeto de experiência de entusiastas no Brasil. No dia 29 de abril deste ano, quatro brasileiros enviaram R$ 50 da criptomoeda por ondas de rádio em um complexo procedimento analógico.

O código da transação foi transformado em Código Morse e remetido por rádio de um ponto A até um ponto B, sendo então convertido novamente para o formato original e encaminhado à blockchain para ser validado. Esse é um dos casos mencionados por Garcia onde, embora a transação tenha sido enviada e recebida por ondas de rádio, foi necessária a conexão com a internet para repassar as informações para a rede.

Um terceiro método de envio de transações de Bitcoin sem internet é por serviços de mensagem de texto, também conhecidas como SMS. Pavol Rusnak, chefe de tecnologia da empresa de segurança SatoshiLabs, com sede na República Tcheca,  conhecida por fabricar a carteira em hardware Trezor, publicou, em agosto de 2017, em seu blog pessoal explicando sua experiência.

Rusnak explica que enviou o código da transação por mensagem de texto e criou um código que dispara automaticamente a informação para a blockchain do Bitcoin. Dessa forma, os dados da transação são recebidos por SMS e direcionados diretamente à rede descentralizada para validação. A solução, que Rusnak intitulou de SMSPushTX, está registrada publicamente no GitHub, plataforma de repositório que hospeda códigos-fonte e arquivos desenvolvidos por empresas e programadores.

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