Bloomberg — A Loft, plataforma imobiliária digital avaliada em US$ 2,9 bilhões no começo do ano, comprou uma startup mexicana, dando início à sua expansão na América Latina.
A Loft adquiriu a TrueHome do México em uma transação em dinheiro e ações, disse o CEO da Loft, Mate Pencz, em entrevista. Semelhante à Loft, a TrueHome é uma corretora de imóveis digital, que compra e vende casas usando ferramentas de comércio eletrônico. Mas enquanto a Loft cresceu focando nas principais cidades do Brasil, TrueHome teve como alvo o México.
“Estávamos planejando expandir para o México quase desde o início da Loft e temos uma ambição global para a empresa”, disse Pencz. “O México tem pontos de dor muito semelhantes aos do Brasil: a falta de transparência, a falta de dados, a falta de confiança.”
As startups latino-americanas atraíram neste ano somas recordes de dinheiro, que ajudaram a transformá-las em gigantes multinacionais na região. O principal rival da Loft no Brasil, o QuintoAndar, empresa avaliada em US$ 5,1 bilhões, também está investindo no México, competindo com a startup La Haus, com sede na Colômbia, que já opera no país. Outras empresas, como o banco digital Nubank e a empresa de pagamento Ebanx, também vêm se expandindo na região.
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A Loft já havia se tornado um investidor minoritário da TrueHome quando a empresa mexicana fez sua última rodada de captação no início de 2020, disse Pencz. A TrueHome lista cerca de 10.000 propriedades ativas em cinco cidades mexicanas em sua plataforma, tornando-a uma das maiores corretoras do México, de acordo com Pencz.
Os fundadores da TrueHome, Raul Villarreal e Alvaro Cepeda, permanecerão no comando do negócio e os acionistas da TrueHome se tornarão investidores da Loft. Eventualmente, a startup mexicana assumirá a marca Loft. Pencz não comenta o valor total da transação.
A enxurrada de capital de risco na região tem fomentado aquisições. Depois de levantar US$ 525 milhões no início de 2021, a Loft fez quatro compras, incluindo TrueHome, disse Pencz. Ela comprou uma corretora tradicional no Brasil e também uma firma que ajuda na venda de crédito imobiliário, a CrediHome. Adquiriu ainda a CredPago, que trata de garantias para contratos de locação. Essa transação tornou o Banco BTG Pactual um dos acionistas da Loft e avaliou a CredPago em R$ 3 bilhões.
“Ainda podemos fazer algumas aquisições de forma oportunista, mas agora o foco é fazer crescer organicamente os novos pilares que adicionamos ao nosso negócio”, disse Pencz.
As transações imobiliárias residenciais no Brasil e no México têm diversos problemas em comum, sendo realizadas por meio de pequenas corretoras físicas, com burocracia abundante e sem um banco de dados de preços centralizado. A Loft estima que mais de 600.000 transações de imóveis residenciais usados são realizadas no México todos os anos, enquanto o Brasil tem cerca do dobro disso. Ambos são “grandes mercados, mas muito concentrados nas grandes cidades”, disse Pencz.
Pencz e Florian Hagenbuch criaram a Loft em 2018 e a startup levantou desde então US$ 950 milhões por meio de capital de risco e fundos imobiliários, com acionistas como Andreessen Horowitz, D1 Capital Partners e Advent International. Com algumas das maiores startups brasileiras se preparando para abrir capital nos EUA, Pencz disse que não há planos específicos para a Loft ainda, mas que a empresa “está pensando nisso”.
“Algumas das aquisições já aconteceram com uma avaliação superior a de US$ 2,9 bilhões, refletindo o crescimento do nosso negócio”, disse ele.
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