China relaxa regras para hipotecas em meio à crise da Evergrande

Reguladores financeiros disseram a alguns grandes bancos no fim do mês passado para acelerar a aprovação de hipotecas no último trimestre

Evergrande
Por Bloomberg News
15 de Outubro, 2021 | 09:15 AM

Bloomberg — A China decidiu flexibilizar restrições para empréstimos imobiliários em alguns de seus maiores bancos, segundo pessoas a par do assunto, o que sinaliza preocupação crescente de autoridades sobre um contágio da crise de dívida da incorporadora China Evergrande.

Reguladores financeiros disseram a alguns grandes bancos no fim do mês passado para acelerar a aprovação de hipotecas no último trimestre, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas. Bancos também foram autorizados a solicitar a venda de títulos lastreados em hipotecas para que possam liberar os balanços das cotas de empréstimos, o que alivia a proibição imposta no início do ano, disseram as fontes.

As medidas chegam com a percepção de que a crise de liquidez da Evergrande começa a atingir outras incorporadoras, um efeito das medidas rigorosas do presidente Xi Jinping para esfriar o mercado imobiliário. Temores sobre o risco de contágio aumentaram nas últimas duas semanas, após um default surpresa da incorporadora Fantasia e um alerta da Sinic Holdings de que seu estado de inadimplência era iminente.

O Banco Popular da China e a Comissão Reguladora de Bancos e Seguros da China não responderam de imediato a pedidos de comentário.

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Embora a recente medida seja positiva para incorporadoras, é improvável que resolva seus problemas de liquidez, disse Raymond Cheng, chefe de pesquisa para China e Hong Kong na CGS-CIMB Securities. Segundo ele, os reguladores também deveriam afrouxar as políticas para empréstimos destinados a projetos e mercados de títulos corporativos onshore, já que o financiamento de dívidas offshore está “quase fechado no momento”.

O crescimento do crédito na China desacelerou em setembro com o peso do mercado imobiliário sobre as atividades de financiamento e empréstimos, apesar do apelo do banco central para estabilizar a expansão do crédito.

Em encontro liderado pelo presidente do banco central, Yi Gang, no fim de setembro, autoridades pediram a 24 instituições financeiras cooperação com os governos “para manter conjuntamente o desenvolvimento estável e saudável do mercado imobiliário e salvaguardar direitos e interesses legítimos de consumidores imobiliários”.

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O governo de Pequim intensificou esforços para limitar o impacto da crise da Evergrande, o que reduziu a confiança de compradores de imóveis. Estimativas apontam que 1,6 milhão de famílias deram entradas para apartamentos da Evergrande que ainda não foram construídos.

As vendas contratadas combinadas das 100 maiores imobiliárias do país caíram 36% em setembro em relação ao ano anterior, de acordo com a China Real Estate Information Corp.

“Qualquer flexibilização adicional deve depender de as vendas melhorarem significativamente em relação ao atual nível fraco”, disse Patrick Wong, analista da Bloomberg Intelligence. “Potenciais compradores ainda podem se preocupar com a compra de unidades de pré-venda de incorporadoras endividadas.”

O desaquecimento do setor imobiliário pressiona a economia da China, assim como a escassez de energia, confiança do consumidor em baixa e aumento dos custos das matérias-primas. O PIB chinês deve ter desacelerado para 5% no terceiro trimestre em relação à expansão de 7,9% nos três meses anteriores, segundo economistas pesquisados antes dos dados do governo que serão divulgados na segunda-feira.

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