Coquetel de anticorpos da AstraZeneca mostra eficácia contra Covid leve

Medicamento reduziu pela metade o risco de doença grave ou morte, em comparação com o placebo, em 822 participantes que estavam sintomáticos e não tinham sido hospitalizados

Produto injetável também foi considerado altamente eficaz na prevenção da doença sintomática em pessoas de alto risco
Por Suzi Ring
11 de Outubro, 2021 | 04:38 PM

Bloomberg — O coquetel de anticorpos da AstraZeneca se mostrou eficaz na prevenção do agravamento de infecções leves ou moderadas por Covid-19, em um estudo que reforça as ambições da farmacêutica para o produto.

O coquetel reduziu pela metade o risco de doença grave ou morte, em comparação com um placebo, em 822 participantes que estavam sintomáticos por uma semana ou menos e não tinham sido hospitalizados, informou a empresa em um comunicado nesta segunda-feira (11).

Os resultados são outra vantagem para o produto injetável, depois que também foi considerado altamente eficaz na prevenção da doença sintomática em pessoas de alto risco. Isso aumenta o otimismo, já que significa um recurso a mais para combater a pandemia, depois que a Merck disse que, em breve, sua primeira pílula contra Covid estará finalizada. Ambos os tratamentos podem oferecer uma maneira simples de tratar os pacientes antes mesmo de chegarem ao hospital.

As ações da AstraZeneca subiram menos de 1% no pregão em Londres. Elas tiveram um ganho de mais de 20% este ano.

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Os resultados são um alívio para a farmacêutica do Reino Unido, depois que o coquetel não teve êxito em prevenir a doença sintomática em pessoas explicitamente expostas ao vírus em um teste inicial, em junho. A AstraZeneca anunciou, na semana passada, que havia solicitado autorização para uso emergencial nos Estados Unidos. O Reino Unido iniciou uma revisão acelerada do medicamento e a empresa planeja entrar com pedido de autorização na União Europeia em breve, como executivos da farmacêutica declararam em uma coletiva de imprensa hoje (11).

Os tratamentos com anticorpos são uma ferramenta fundamental na luta contra a Covid. Eles podem ser usados para suplementar vacinas para pessoas que não apresentaram resposta significativa às injeções ou para proteger aqueles que não puderam ser imunizados. Quem sofre de câncer ou pessoas imunossuprimidas podem ser candidatas a receberem esses coquetéis.

Estudo Global

“Com casos contínuos de infecções graves por Covid-19 em todo o mundo, há uma necessidade significativa de novas terapias como o AZD7442, que podem ser usadas para proteger as populações vulneráveis”, disse Hugh Montgomery, o principal investigador do estudo e professor de terapia intensiva na University College London.

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Os dados de 822 pessoas mostraram 18 casos de piora de Covid no grupo medicado, em comparação com 37, no braço do placebo. O coquetel foi geralmente bem tolerado.

O estudo foi realizado em países que incluem Reino Unido, Brasil, EUA e Alemanha, e a AstraZeneca planeja conduzir um estudo pediátrico para o fármaco a partir do início do próximo ano, disseram executivos a repórteres. Outros estudos que avaliam se o tratamento pode ajudar pacientes hospitalizados estão em andamento, bem como um estudo que compara a administração intravenosa do coquetel com a intramuscular.

A AstraZeneca confirmou que terá doses prontas se e quando receber autorização, mas não quis fazer mais comentários sobre o fornecimento.

Em uma análise separada de pacientes que receberam tratamento dentro de cinco dias após apresentarem os sintomas, o coquetel reduziu o risco da doença se tornar mais grave em 67% deles. A maioria dos pacientes - 90% - pertencia a populações com alto risco de progressão para doença grave. Muitos tinham comorbidades, como diabetes e câncer.

Até 2% dos indivíduos vacinados ainda são vulneráveis à Covid-19 e mais de 40% das pessoas hospitalizadas com infecções pós-vacinação são imunocomprometidas, de acordo com a AstraZeneca.

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