Powell diz que redução de compras pode começar já na próxima reunião

No entanto, o presidente do banco central americano esclareceu que isso não significa uma elevação obrigatória da taxa de juros, que foi mantida no intervalo entre 0% e 0,25% hoje

Autoridades agora estão divididas sobre se será ou não apropriado começar a aumentar a taxa Fed Funds já no próximo ano
Por Matthew Boesler
22 de Setembro, 2021 | 04:33 PM

Bloomberg — O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse que o banco central poderia começar a reduzir as compras de ativos já em novembro e concluir o processo em meados de 2022, depois que as autoridades revelaram uma tendência crescente para aumentar as taxas de juros no próximo ano.

Powell, explicando os primeiros passos do banco central dos Estados Unidos para retirar o estímulo emergencial na pandemia para a economia, disse a repórteres nesta quarta-feira (22) que a redução “pode ocorrer logo na próxima reunião”, se referindo aos encontros nos dias 2 e 3 de novembro, embora tenha deixado a porta aberta para esperar mais tempo, se necessário, e enfatizado que a redução não foi feita para ser um sinal direto sobre o momento do aumento da taxa.

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“Isso deixa toda a questão dos aumentos de taxas à frente”, disse ele após a conclusão da reunião de dois dias do Comitê de Mercado Aberto (Fomc). Powell caracterizou o apoio entre os membros do comitê como “amplo”.

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Seu desempenho estava sendo analisado tanto por investidores quanto pela Casa Branca: o mandato do chefe do banco central expira em fevereiro e o presidente Joe Biden deve decidir neste outono se o renomeará ou não para mais quatro anos no cargo.

Além de sinalizar uma redução na próxima compra de títulos, as autoridades também publicaram projeções trimestrais atualizadas que mostraram que as autoridades agora estão divididas sobre se será ou não apropriado começar a aumentar a taxa Fed Funds já no próximo ano, de acordo com a mediana estimativa de participantes do FOMC. Em junho, a mediana da projeção não apontava aumento das taxas até 2023.

“Estamos vendo um Fed que está ficando mais hawkish”, disse Diane Swonk, economista-chefe da Grant Thornton LLP, em uma entrevista na Bloomberg Television depois que o comunicado foi publicado.

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As ações dos EUA reduziram os ganhos, enquanto os rendimentos dos títulos do Tesouro de 10 anos aumentaram.

Novas Projeções

O Fomc decidiu manter o intervalo alvo para sua taxa básica de juros em entre 0% e 0,25% e continuar as compras de títulos do Tesouro e títulos lastreados em hipotecas a um ritmo de US$ 120 bilhões por mês. A votação foi unânime.

As projeções para 2024 também foram publicadas pela primeira vez, com a mediana sugerindo uma taxa de juros de 1,8% ao final daquele ano. A mediana para 2023 subiu para 1%, de 0,6% na projeção de junho.

  • Outras conclusões das novas previsões (estimativa média):
    • A mediana da projeção do Fomc para a inflação em 2022 passou de 2,1% em junho para 2,2%; manteve a projeção para 2023 em 2,2%
    • Desemprego a 3,8% em 2022, 3,5% em 2023; nenhuma mudança em relação à previsão de junho
    • Crescimento do produto interno bruto (PIB) observado em 3,8% em 2022, 2,5% em 2023, ambos acima das projeções anteriores

A taxa de desemprego dos EUA caiu para 5,2% em agosto, bem abaixo do pico de abril de 2020 de 14,8%. Mas ainda está acima dos 3,5% que prevalecia em fevereiro de 2020, pouco antes da pandemia. Membros do Fed disseram que esperam manter a taxa de juros perto de zero “até que as condições do mercado de trabalho tenham atingido níveis consistentes com as avaliações do comitê de emprego máximo.”

A inflação, de acordo com a medida preferida do Fed, foi de 4,2% nos 12 meses até julho, bem acima da meta de 2%. Muitos membros do Fed disseram esperar que o indicador volte para cerca de 2% após as interrupções temporárias na cadeia de suprimentos por conta da pandemia serem resolvidas, embora vários também tenham citado os rápidos aumentos de preços como um motivo para começar a aumentar as taxas já no próximo ano.

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