Supersafra de milho na China pode desacelerar compras do grão

As importações agrícolas da China, especialmente de produtos dos EUA, têm sido observadas de perto por investidores e empresas que acompanham o acordo comercial

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Bloomberg — As compras recordes de milho pela China, essenciais no acordo comercial com os Estados Unidos, podem estar perdendo fôlego, com o crescente risco de que as importações do maior consumidor mundial fiquem aquém das estimativas do governo americano.

A temporada de colheita na China se aproxima, e o país espera uma supersafra com a forte expansão da área plantada de milho este ano. Esse fator já começa a pesar sobre os preços chineses do milho, o que reduz a diferença com as cotações no exterior como também o apelo das importações, segundo operadores e analistas.

As compras de milho da China em 2021-22 devem ficar abaixo da previsão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, de 26 milhões de toneladas, disse Darin Friedrichs, analista sênior de commodities para Ásia do StoneX Group, que avalia a estimativa como muito alta.

As importações agrícolas da China, especialmente de produtos dos EUA, têm sido observadas de perto por investidores e empresas que acompanham o acordo comercial. Os preços de uma variedade de produtos agrícolas dispararam no último ano por causa da demanda chinesa por grãos para alimentar o plantel de suínos em expansão, o que reforçou temores sobre a inflação dos alimentos. Em maio, o milho negociado em Chicago alcançou o maior nível em oito anos.

A China importou cerca de 23 milhões de toneladas no ano comercial de 2020-21, perto da previsão do USDA de 26 milhões de toneladas. O departamento manteve as previsões oficiais inalteradas para 2021-22, enquanto o Serviço Agrícola Estrangeiro do USDA prevê as importações em 20 milhões de toneladas.

Até 2020, o país asiático nunca havia sido um grande comprador de milho dos EUA. Mas o déficit de oferta aumentou depois de anos de redução dos estoques estatais de milho e em meio à reposição do plantel de suínos após o surto de peste suína africana. As compras também ajudam a cumprir os compromissos do acordo comercial com os EUA.

Os altos preços do milho atraíram agricultores chineses que plantavam soja no nordeste do país, portanto, a produção de milho deve aumentar este ano, disse Friedrichs. Além disso, há problemas com a qualidade do trigo devido ao clima. Embora o trigo não sirva para produtos alimentícios, pode ser usado em rações, reduzindo ainda mais a demanda por milho.

“O mercado está bifurcado: a dieta da China está se tornando mais ocidental, e isso cria um déficit de oferta de trigo de alta qualidade”, disse. “A China provavelmente importará quantidades relativamente grandes de trigo este ano para ajudar a complementar os estoques de trigo de alta qualidade.”

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