BRF fecha 2º trimestre no vermelho, com perdas de R$ 240 milhões

Prejuízo financeiro cresce quase quatro vezes no período com aumento dos pagamentos de juros sobre empréstimos e financiamentos

Prejuízo financeiro faz BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, fechar segundo trimestre do ano no vermelho. Operação brasileira sente aumento dos custos de produção e demora na retomada da atividade econômica
13 de Agosto, 2021 | 01:45 PM

São Paulo — A BRF encerrou o segundo trimestre do ano com um prejuízo de R$ 240 milhões ante um lucro líquido de R$ 307 milhões no mesmo período do ano passado. Pesou no período o aumento de quase quatro vezes do prejuízo financeiro da companhia que chegou a R$ 759 milhões ante perdas de R$ 190 milhões no segundo trimestre de 2020. Os gastos com juros sobre empréstimos e financiamentos foram os que mais consumiram recursos, R$ 431 milhões.

Em seu comunicado, a empresa informou que o aumento dos gastos com juros decorrem do crescimento do “saldo da dívida indexada ao IPCA aliados ao aumento do índice acumulado do ano, porém atenuados pela apreciação cambial do período e do custo de antecipação de amortização de dívidas em moeda estrangeira, integralmente reconhecidos no segundo trimestre de 2021”.

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Apesar do prejuízo, operacional e comercialmente, a empresa apresentou resultados positivos. O Ebitda Ajustado do segundo trimestre foi de R$ 1,27 bilhão, 23,2% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado. Já a receita da companhia cresceu 27,8% para R$ 11,63 bilhões.

Operação brasileira

Assim como outras indústrias de proteínas, o desempenho da BRF no Brasil foi prejudicado pelo aumento dos custos de produção. A operação brasileira registrou vendas de R$ 5,81 bilhões, 24,8% a mais que o segundo trimestre de 2020, mas o desempenho operacional teve uma piora de 8,8%, com o Ebitda Ajustado somando R$ 492 milhões.

“Assim como no primeiro trimestre de 2021, tivemos um cenário extremamente desafiador, marcado pelos impactos da pandemia que atrasou a recuperação da taxa da população ocupada e, por consequência, resulta na diminuição da renda e do índice de confiança do consumidor”, informou a empresa.

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Operações estrangeiras

Fora do Brasil, os resultados foram mais positivos. Em seu segmento internacional, a BRF fechou o segundo trimestre do ano com uma receita de R$ 5,4 bilhões, 29% superior da registrada no período de abril a junho do ano passado. Operacionalmente, o Ebitda Ajustado foi de R$ 619 milhões, um crescimento de 32,2%.

Segundo a empresa, o aumento da receita em reais é resultado do maior volume de vendas e também dos preços mais elevados. “Na China, a demanda por proteína permanece aquecida, o que se reflete no crescimento de volume tanto para suínos quanto para o frango. Os preços de exportação para China da carne suína também continuam em patamares elevados e com sinais de recuperação da demanda interna, com elevação dos preços em dólares de carne suína”, diz o comunicado.

Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.