Lucro da Minerva Foods cai 54% no segundo trimestre com perda cambial

Resultado líquido da companhia passa de R$ 253,41 milhões para R$ 116,7 milhões no período, porém, receita e Ebitda ficam acima das expectativas do mercado

Para Fernando Galletti de Queiroz, presidente da Minerva Foods, as perspectivas para a segunda metade do ano estão cada vez mais positivas, com o cenário global voltando à normalidade
09 de Agosto, 2021 | 07:42 PM

São Paulo — A Minerva Foods reportou um lucro líquido de R$ 116,7 milhões no segundo trimestre do ano. O resultado representa uma queda de 54% em comparação ao mesmo período do ano passado, quando a companhia registrou R$ 253,4 milhões.

O Ebitda da Minerva no período foi de R$ 544,9 milhões, resultado 7,7% inferior ao registrado no segundo trimestre de 2020. Ainda assim, o número ficou acima das projeções do mercado, que aguardavam um desempenho operacional ao redor de R$ 501 milhões.

Prejuízo financeiro

O desempenho negativo pode ser atribuído ao prejuízo financeiro do período. A Minerva reportou um resultado financeiro negativo de R$ 322,3 milhões, um aumento de quase 60% em comparação ao segundo trimestre do ano passado. Só com hedge cambial, a perda foi de R$ 222,4 milhões. No mesmo período de 2020, foi registrado um resultado positivo de R$ 225,8 milhões com a proteção contra as oscilações do dólar.

PUBLICIDADE

Receita maior

Apesar da queda no lucro e no resultado operacional, a companhia registrou um crescimento de 43% em sua receita, que terminou o segundo trimestre do ano em R$ 6,3 bilhões. Mais uma vez, o dado superou as expectativas do mercado que apontavam para uma receita ao redor de R$ 5,8 bilhões.

Aumento dos abates no exterior

PUBLICIDADE

O aumento dos custos de produção gerados pela valorização da arroba do boi gordo, em especial no Brasil, também influenciou o resultado financeiro da Minerva. Tanto que a empresa ampliou seus abates em suas operações no exterior. No segundo trimestre de 2020, a Minerva abateu 752,2 mil cabeças de gado, das quais 46% no Brasil. No mesmo período de 2021 o abate total cresceu 15,5% para 869 mil cabeças, sendo que o Brasil representou 37% do total.

Mesmo abatendo menos no Brasil, a empresa conseguiu repassar parte dos aumentos dos custos para os consumidores domésticos. A receita bruta da operação brasileira com vendas no mercado local subiu 84%, passando de R$ 564 milhões para R$ 1,04 bilhão. Os produtos processados tiveram um acréscimo de 35,8%, a carne in natura subiu 54,1% e os subprodutos uma valorização de 133,8%.

Já as exportações a partir do Brasil passaram de R$ 1,5 bilhão para R$ 1,88 bilhão, um aumento de 25,9%. Em reais, o preço médio da carne in natura exportada subiu 20%, os subprodutos se valorizaram 3,9% e os processados 18,7%.

No caso da Athena Foods, unidade que concentra as operações fora do Brasil, as exportações cresceram 65,1% para R$ 2,66 bilhões. Já as vendas nos mercados domésticos dos outros países totalizaram 730,4 milhões, com um crescimento de 53,3%.

Segundo semestre de 2021

“As perspectivas para a segunda metade do ano estão cada vez mais positivas, com o cenário global voltando à normalidade e o avanço da vacinação permitindo a reabertura das economias, dando suporte a segmentos importantes como o turismo e food service, consolidando assim um cenário de aceleração do consumo, não somente no mercado externo, mas também nos mercados domésticos da América do Sul”, disse Fernando Galletti de Queiroz, presidente da companhia, em seu comunicado ao mercado.

Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.