Índia pode perder a chance de ser oásis para investidores de saída da China, diz UBS

Embora a recuperação indiana possa parecer atrativa, as perspectivas do mercado e do estado sanitário do país preocupam, aponta relatório

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Bloomberg — Os investidores que estão saindo da China devido à recente repressão regulatória podem ignorar a Índia, onde as ações parecem mais caras após um aumento que bateu recordes sucessivos, segundo o UBS Group AG.

“A percepção dos riscos na China aumentou, e isso pode levar investidores a retirarem seu dinheiro e aplicá-lo em outros mercados emergentes”, afirmou Sunil Tirumalai, chefe de estratégia pra a Índia, em entrevista. “Contudo, considerando as valorizações na Índia, esse dinheiro poderá acabar indo para outros mercados”.

Embora o resto do mundo tenha se surpreendido com os diversos aumentos de ações chinesas nas últimas semanas, o mercado acionário da Índia, de US$ 3,1 trilhões, aumentou o que já era uma das melhores recuperações desde as baixas de março de 2020 devido à pandemia. Com o aumento dos ganhos e a transformação de fundos globais em vendedores líquidos de ações indianas, essa tendência está começando a parecer vulnerável.

O UBS projeta que o Índice NSE Nifty 50 cairá para 15.500 até o fim de junho de 2022 – uma queda de quase 5% em relação aos níveis atuais. O principal indicador aumentou para mais de 16.000 pela primeira vez na semana passada, revertendo uma retração econômica histórica na esteira dos lockdowns nacionais do ano passado e também do impacto da onda mais letal de Covid em abril deste ano.

Dito isso, os resultados trimestrais mais recentes foram decepcionantes. Das empresas do índice Nifty que apresentaram resultados até o momento, os lucros de cerca de 58% ficaram fora das estimativas dos analistas. Enquanto isso, o aumento nos preços das ações fez com que o Nifty tivesse ações negociadas a 21,3 vezes os lucros estimados em 12 meses – valor muito mais alto que a média de cinco anos de 18 vezes. As ações do Índice MSCI Emerging Markets são negociadas por 13 vezes esse valor.

“Com a possibilidade de uma terceira onda e os mercados a um nível muito mais alto no momento, as preocupações são ainda maiores”, afirmou Tirumalai.

Além disso, o UBS enxerga riscos de cortes nas metas de lucros indianos estabelecidas por analistas em todos os setores.

“O consensos dos lucros dos últimos 10-12 anos sempre foi superestimado em 20% no início do exercício social, sendo gradualmente reduzido conforme o passar do ano”, disse Tirumalai.

Investidores estrangeiros retiraram US$ 1,7 bilhão das ações locais em julho – a maior retirada desde março de 2020 – diminuindo suas aquisições líquidas do ano.

A esperada desaceleração da política de dinheiro fácil do Federal Reserve a partir de setembro pode conter qualquer nova entrada global por enquanto, acrescentou Tirumalai.

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