Bloomberg — Foi necessária uma pandemia para o exército de trabalhadores autônomos dos Estados Unidos conseguir acesso a algumas das proteções sociais dos que possuem carteira assinada. Agora, estão prestes a perdê-las novamente.
Mesmo antes da chegada da Covid-19, o modelo de contrato independente para trabalhadores se expandia entre empresas que buscavam uma forma de reduzir custos. A crise de saúde acelerou essa tendência e levou autoridades a oferecerem apoio financeiro para freelancers quando grande parte da economia estava paralisada.
A Assistência ao Desemprego Pandêmico (PUA, na sigla em inglês) foi o primeiro programa de nível federal voltado para os chamados trabalhadores independentes nos EUA. Agora começa a ser revertido, e o governo Biden tenta encontrar soluções para melhorar as condições de vida de uma parcela cada vez maior da força de trabalho.
Para Rubi Jones, cabeleireira autônoma de 33 anos, o PUA foi um alívio. Na ausência de qualquer proteção, sua estratégia muitas vezes era trabalhar muitas horas. Quando grávida, Jones trabalhou até os oito meses e meio de gestão e retomou as atividades quatro semanas após o parto.
Quando veio a pandemia, essa rota foi fechada. “Meu trabalho foi completamente fechado”, disse. “De 13 de março a junho, quando as reaberturas ocorriam em Nova York, não toquei em nenhum cabelo, exceto o meu.” Então se inscreveu no PUA, como mais de 15 milhões de americanos fizeram em meados do ano passado.
Ainda havia cerca de 5,3 milhões de participantes no programa até 9 de julho, e uma média de cerca de 100 mil novos pedidos foram registrados semanalmente desde então. Mas pelo menos metade dos estados americanos já suspendeu os benefícios de desemprego da pandemia, e mais devem seguir o mesmo caminho antes do prazo final de 6 de setembro definido pelo Congresso.
Cerca de 59 milhões de americanos trabalharam como freelancers em 2020, e o número tende a aumentar. Um novo estudo da empresa de recrutamento Upwork revelou que 20% dos profissionais - o equivalente a 10 milhões de pessoas - consideraria a possibilidade de trabalhar como freelancer, principalmente para preservar a flexibilidade do trabalho em casa. Cerca de 90% das empresas esperam aumentar o número de profissionais freelancers no próximo ano, segundo pesquisa de junho da empresa de gestão de autônomos Stoke.
Isso significa que o risco está migrando das empresas para indivíduos, disse a economista Laura Sherbin, vice-presidente sênior da Seramount, consultoria com foco na diversidade no local de trabalho. Com menos segurança no emprego, o que os trabalhadores realmente precisam é de uma rede de proteção social mais forte, disse Sherbin.
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