Redução em vendas de dívida dos EUA pode compensar aperto do Fed

Negociadores da dívida pública americana esperam que autoridades comecem a preparar terreno para cortes a partir de novembro

Negociadores da dívida não esperam nenhuma mudança no volume de US$ 126 bilhões no anúncio desta próxima quarta (4)
Por Liz McCormick
02 de Agosto, 2021 | 12:30 PM

Bloomberg — Pela primeira vez em mais de cinco anos, nos próximos meses o Tesouro dos Estados Unidos reduzirá seu enorme volume trimestral de vendas de notas e títulos, segundo estrategistas de Wall Street, em uma mudança tão grande que, provavelmente, mais do que compensará a iminente redução das compras pelo Federal Reserve.

O Departamento do Tesouro deve anunciar na quarta-feira o chamado refinanciamento trimestral de títulos de longo prazo, quando normalmente revela quaisquer mudanças futuras na estratégia de emissão de dívida. Embora a maioria dos dealers - que negociam dívida pública - não espere nenhuma mudança no volume de US$ 126 bilhões dos refinanciamentos recentes, muitos apostam que as autoridades vão preparar o terreno para uma redução a partir de novembro.

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As emissões têm seguido o caminho inverso há anos devido ao aumento dos déficits orçamentários federais na esteira dos cortes de impostos do ex-presidente Donald Trump e, posteriormente, aos gastos emergenciais causados pela pandemia. Mesmo com o Congresso negociando novos gastos em infraestrutura e programas sociais, as necessidades de financiamento devem diminuir diante de novas medidas planejadas para gerar receitas destinadas a essas iniciativas de vários anos.

“As necessidades de financiamento cairão muito de 2021 a 2022”, disse Meghan Swiber, estrategista de juros do Bank of America. “Achamos que o Tesouro precisa implementar cortes mais cedo ou mais tarde, ou corre risco de ficar superfinanciado”, disse.

A redução das vendas provavelmente ocorrerá - se as previsões de economistas estiverem certas - em um momento em que o Fed estará reduzindo suas compras de títulos do Tesouro. O presidente do Fed, Jerome Powell, disse na semana passada que as autoridades começaram a discutir o momento e o ritmo da redução gradual dos estímulos. Analistas esperam que a redução comece no início de 2022.

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O JPMorgan Chase prevê emissão líquida total de dívida, incluindo notas, de US$ 1,46 trilhão para 2022, queda de cerca de US$ 860 bilhões em relação a este ano.

Somente para notas e títulos, a emissão líquida será cerca de US$ 1 trilhão a menos no próximo ano em relação a 2021, disse o banco. Enquanto isso, o Fed apenas comprará, do mercado secundário, US$ 316 bilhões desses títulos em 2022 - devido à redução dos estímulos - em relação aos US$ 960 bilhões neste ano, prevê o JPMorgan.

A redução das emissões de títulos do Tesouro pode aliviar a persistente preocupação com uma possível turbulência ao estilo de 2013, quando os mercados se assustaram com a perspectiva de retirada dos estímulos do Fed. A queda dos rendimentos do Treasuries nos últimos meses já ajudou a diminuir a preocupação.

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Além do refinanciamento, o Tesouro faz manobras para evitar atingir o limite da dívida federal, depois de uma suspensão de dois anos do teto encerrada no domingo. Economistas e estrategistas preveem que o Congresso vai agir para aumentar ou suspender o limite novamente antes que o Tesouro fique sem espaço para evitar um default de pagamentos no quarto trimestre.

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