Negociações salariais podem pressionar oferta global de cobre

Ameaças de greves em minas do Chile precisam chegar a um acordo nesta semana para que o mercado não fique sem produção

Nações procuram maneiras de extrair mais dos altos preços do cobre
Por James Attwood
02 de Agosto, 2021 | 10:56 AM

Bloomberg — A oferta global de cobre, que já começa a ficar apertada, enfrenta a possibilidade real de interrupções simultâneas por greves em três minas no Chile, o maior produtor do metal.

De longe, a ameaça mais séria ao abastecimento global vem de Escondida, a maior mina de cobre do mundo, onde trabalhadores rejeitaram a oferta salarial final da BHP na votação da semana passada. A menos que os lados cheguem a um acordo nas negociações mediadas pelo governo esta semana, o mercado pode ficar sem produção de um projeto que, no ano passado, produziu 1,2 milhão de toneladas.

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Duas outras minas menores - Andina, da Codelco, e Caserones, da JX Nippon Mining & Metals - estão no mesmo estágio de negociação coletiva. Isso coloca em risco mais de 7% da produção mundial em um momento particularmente sensível do ciclo do metal e da política chilena.

As tensões trabalhistas se intensificam à medida que trilhões de dólares em estímulos dos governos impulsionam a demanda por metais industriais. Os futuros do cobre subiram nas últimas duas semanas depois de recuarem em relação a uma máxima histórica em maio.

Os ganhos das mineradoras aumentam o poder de barganha de trabalhadores das minas, enquanto países produtores também buscam elevar os impostos para ajudar a resolver as desigualdades agravadas pela pandemia. No Chile, esse cenário coincide com a redação de uma nova Constituição que pode resultar em legislação mais rigorosa para água, geleiras, minerais e direitos comunitários, além das eleições presidenciais programadas em novembro.

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Ao mesmo tempo, empresas tentam manter os custos de mão de obra sob controle em um negócio cíclico, à medida que a qualidade do minério se deteriora e os preços dos insumos começam a subir.

Na votação da semana passada, os trabalhadores rejeitaram a proposta da BHP por esmagadores 99,5%. Os líderes sindicais dizem que a empresa está oferecendo altos bônus apenas nesta negociação específica em troca de mais horas e novas demandas na tentativa de aumentar a produtividade e o lucro. A BHP disse que sua proposta inclui melhores condições e novos benefícios e que continua aberta ao diálogo.

“Esperamos que esta forte votação seja o despertar decisivo para a BHP iniciar discussões substantivas para chegar a acordos satisfatórios, se quiser evitar um conflito prolongado que pode ser o mais caro na história sindical do país”, disse o sindicato.

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