Scarlett Johansson processa Disney por lançamento de ‘Viúva Negra’ em streaming

Atriz alega quebra de contrato da Disney na distribuição da nova superprodução da Marvel

Até agora, “Viúva Negra” faturou US$ 158 milhões nos EUA e Canadá, e US$ 318 milhões em todo o mundo, segundo o Box Office Mojo
Por Malathi Nayak e Christopher Palmeri
31 de Julho, 2021 | 08:00 AM

Bloomberg — Scarlett Johansson, duas vezes indicada ao Oscar, processou a Walt Disney alegando que a maior empresa de entretenimento do mundo não cumpriu sua promessa de lançar seu mais novo filme “Viúva Negra” apenas nas salas de cinema, após disponibilização para streaming no serviço Disney+.

A Disney buscava atrair o público dos cinemas para seu serviço de streaming e gerar receita, aumentar o número de assinantes e desvalorizar o contrato de Johansson, afirmou a atriz em queixa apresentada na quinta-feira no Tribunal Superior de Los Angeles.

A companhia respondeu agressivamente, chamando a queixa de Johansson de “triste e angustiante por seu cruel desrespeito pelos terríveis e duradouros efeitos globais da pandemia da Covid-19”. A empresa afirmou que cumpriu o contrato de Johansson em sua totalidade e que ela já faturou US$ 20 milhões com o filme.

A queixa de Johansson ressalta o que deve se tornar um problema contínuo para Hollywood, à medida que os estúdios buscam cada vez mais lançar seus filmes online o quanto antes para aumentar as receitas de assinaturas geradas por seus serviços de streaming. Na esteira dos desdobramentos da pandemia, estúdios optam cada vez mais por lançamentos em plataformas pagas online.

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Mas algumas empresas, como a Warner Brothers Entertainment, fizeram acordos fora do tribunal com suas estrelas após o lançamento de filmes como “Mulher Maravilha” em seu serviço de streaming HBO Max no ano passado, afirma Johansson na ação.

John Berlinksi advogado de Johansson, disse em entrevista por telefone que devem ocorrer outros processos.

“Este não será certamente o último caso em que o talento de Hollywood enfrentará a Disney e deixará claro que, independentemente do que a empresa possa alegar, há a obrigação legal de honrar seus contratos”, afirma Berlinski.

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A Marvel Studios da Disney e Periwinkle Entertainment, empresa por meio da qual Johansson ofereceu serviços de atuação para o filme, assinaram um acordo em 2017 que exigia um amplo “lançamento cinematográfico” de “Viúva Negra”, o qual entenderam significar um lançamento exclusivo nos cinemas por cerca de 90 a 120 dias, segundo a ação.

Os filmes anteriores da Marvel tinham uma “janela ininterrupta” média de 117 dias nos cinemas, disse Johansson.

A atriz, que interpreta a espiã de elite Viúva Negra, também conhecida como Natasha Romanoff, estrelou em vários outros filmes, como “Vicky Cristina Barcelona” e “Jojo Rabbit”.

Seu contrato com a Marvel garantiu a ela parte das receitas de bilheteria, como afirma na ação. De acordo com uma pessoa familiarizada com o contrato, havia metas financeiras específicas com base na receita de bilheteria, e ela ganharia US$ 50 milhões se o filme chegasse a US$ 1 bilhão em vendas.

Até agora, “Viúva Negra” faturou US$ 158 milhões nos EUA e Canadá, e US$ 318 milhões em todo o mundo, segundo o Box Office Mojo. No entanto, teve uma queda acentuada em relação ao fim de semana de estreia de 9 a 11 de julho de US$ 80 milhões nos EUA e Canadá, o que foi parcialmente atribuído ao lançamento no Disney+. A Disney declarou que a receita de streaming foi de US$ 60 milhões no primeiro fim de semana de lançamento.

Em seu comunicado na quinta-feira, a Disney declarou que o lançamento de “Viúva Negra” no Disney+ Premier Access aumentou “significativamente” a capacidade de Johansson de ganhar compensação adicional em cima do que já recebeu.

Mas Johansson afirma que a Disney abriu mão de centenas de milhões de dólares em vendas de ingressos de cinema ao lançar o filme, sabendo que o mercado estava fraco, e também ao lançá-lo online.

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“A Disney intencionalmente induziu a violação do contrato da Marvel, sem justificativa, a fim de evitar que a Sra. Johansson recebesse todos os benefícios de sua negociação com a Marvel”, diz a queixa, observando que o CEO da Disney, Robert Chapek, foi premiado com bônus de 3,8 vezes seu salário base de US$ 2,8 milhões por agir rapidamente para “programar novas ofertas” para o canal direto ao consumidor.

“A mensagem para - e da - alta administração da Disney foi clara: aumente o número de assinantes Disney+, não importa suas promessas contratuais, e você será recompensado”, disse Johansson.

O modelo Disney+ Premier Access que permite ao público assistir a filmes repetidamente por US$ 30, além do preço de assinatura mensal de US$ 8, reduziu ainda mais os números de bilheteria, afirma Johansson. Ela observa que “Vingadores: Ultimato” teve 85% mais espectadores repetidos nos cinemas do que seu antecessor, “Vingadores: Guerra Infinita”.

Um fã da Marvel detém o Recorde Mundial do Guinness pelo maior número de sessões assistidas a um filme no cinema, tendo assistido a ‘Ultimato’ 191 vezes, afirma Johansson. Mas com o Premier Access não há vendas repetidas de ingressos, acrescenta.

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“É como se cada espectador recebesse um DVD grátis na saída do cinema”, afirma Johansson na ação.

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