Com lucro 277% maior, Usiminas deve investir R$ 1,5 bi este ano

Ciclo de alta dos preços do setor siderúrgico e demanda crescente com retomada econômica favorecem melhora de projeções da companhia mineira para vendas de minério de ferro

Mercado mundial de produtos siderúrgicos registra aumento de demanda neste ano com a retomada da produção após o primeiro da pandemia
30 de Julho, 2021 | 08:50 AM

São Paulo — Com lucro recorde no segundo trimestre, a Usiminas, uma das maiores fabricantes de aço das Américas, revisou, nesta sexta, algumas das suas previsões para 2021, feitas no começo do ano, no contexto de ciclo de alta dos preços com a retomada da economia mundial e demanda crescente com o avanço da vacinação contra a Covid-19.

A projeção anual para os investimentos na unidade de mineração aumentou de R$ 90 milhões para 120 milhões o valor previsto para o projeto de filtragem e empilhamento a seco.

“Estamos aumentando a capacidade de filtragem do equipamento”, informou o CEO da Usiminas, Sergio Leite de Andrade, em entrevista à Bloomberg Línea.

Para possibilitar esse aumento no projeto, a companhia pretende reduzir recursos destinados à “Sustaining, saúde, segurança e meio ambiente”, de R$ 160 milhões para R$ 130 milhões. A Usiminas prevê investimentos totais de R$ 1,5 bilhão neste ano, sendo R$ 250 milhões só para a unidade de mineração.

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O volume previsto de vendas de minério de ferro pela unidade de mineração passou de vendas entre 8,5 e 9 milhões de toneladas para 9 milhões em 2021. A companhia mineira prevê um volume de vendas de aço pela unidade de siderurgia de 1,2 a 1,3 milhão de toneladas de aço entre julho e setembro.

As despesas financeiras líquidas da Usiminas devem terminar o ano em R$ 200 milhões. Anteriormente, a companhia projetava um valor maior, de R$ 300 milhões. As novas projeções foram divulgadas, na manhã de hoje, em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Lucro recorde

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A Usiminas divulgou também os números do seu desempenho no segundo trimestre. O lucro líquido registrou uma alta de 277% e cresceu de R$ 1,2 bilhão no primeiro trimestre do ano para R$ 4,5 bilhões no segundo trimestre, o maior lucro líquido trimestral.

“A Usiminas saiu de uma situação de fragilidade em 2016 e se tornou uma empresa com um lucro robusto. Estamos preparados para o futuro, com foco na agenda ESG, nas mudanças climáticas, em projetos de inclusão e diversidade. Trabalhamos com 35 startups. Queremos deixar um legado para as próximas gerações”, disse o CEO.

Segundo a companhia, o resultado se deve, principalmente, ao maior resultado operacional e ao reconhecimento de créditos fiscais e ganhos cambiais líquidos no período, ante perdas cambiais no primeiro trimestre.

No período, a empresa contabilizou um Ebitda Ajustado Consolidado de R$ 5,1 bilhões, com recorde em todas as unidades de negócios. Nos três primeiros meses deste ano, o Ebtida Ajustado Consolidado da companhia havia ficado em R$ 2,4 bilhões. A margem Ebtida Ajustado foi de 52,8% contra os 34,2% registrados no trimestre anterior (1T21).

PIB

O CEO da companhia disse que o consumo aparente de aço está em alta. Há sete semanas, o setor previa aumento de 5%. Agora a expectativa é de um aumento de 24% neste ano.

“Toda semana, as previsões para o crescimento do PIB brasileiro melhoram no Boletim Focus”, observa o executivo.

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A Usiminas atende principalmente o mercado doméstico, com exportações respondendo por apenas 5% a 8% das vendas, sobretudo com embarques para a Argentina.

Segundo o CEO, a companhia começou a planejar 2022, não estuda nenhuma agenda de M&A (fusão & aquisição) e tem dinheiro em caixa sobrando para quitar sua dívida, sem a necessidade de acessar neste momento o mercado de capitais por meio de alguma captação.

O ano eleitoral de 2022, quando haverá eleições gerais no Brasil, não é motivo de preocupação para a Usiminas.

“O cenário econômico se deslocou do político. É um sinal do amadurecimento do País”, avalia o executivo.

Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.