Café tem maior queda em 10 meses após estrago menor com geada

Geada desta madrugada atingiu cerca de 80% do sul de Minas Gerais, a principal região produtora do país, mas impacto foi menor do que se temia

Onda de frio no Brasil foi outra má notícia para plantações já prejudicadas pela seca e pela pior geada em duas décadas
Por Marvin G. Perez - Irina Anghel e Fabiana Batista
30 de Julho, 2021 | 02:01 PM

Bloomberg — A cotação do café arábica sofreu a maior queda desde setembro e reduziu seu avanço no mês com a diminuição das preocupações sobre os estragos climáticos adicionais nos cafezais no Brasil, o maior exportador mundial do produto.

A geada desta madrugada atingiu cerca de 80% do sul de Minas Gerais, a principal região produtora do país, mas o impacto foi menor do que se temia, de acordo com Drew Lerner, presidente da World Weather. A região pode ser atingida por “geadas irregulares” no sábado e no domingo. Em sua maioria, as áreas produtoras de cana-de-açúcar e frutas cítricas foram poupadas dos piores desdobramentos e qualquer impacto ficou restrito, disse Lerner.

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“Quaisquer perdas com o evento de hoje serão muito limitadas”, acrescentou Carlos Mera, chefe de pesquisa agrícola do Rabobank Internacional. “No entanto, ainda vemos algum potencial para geadas nos próximos três dias.”

Mesmo com a queda de preços na sexta-feira, ainda há risco de encarecimento do café para os consumidores nos supermercados e cafeterias, em um momento de alta generalizada dos preços globais de alimentos. Esta última onda de frio no Brasil foi outra má notícia para plantações já prejudicadas pela seca e pela pior geada em duas décadas. Temperaturas congelantes podem reduzir a oferta global de café por anos porque são particularmente nocivas às árvores mais novas.

O contrato de café arábica para entrega em setembro chegou a desabar 9% para US$ 1,7860 por libra, marcando uma quarta perda consecutiva. A commodity ainda acumula ganho aproximado de 14% em julho e de quase 60% nos últimos 12 meses. A seca do ano passado e três geadas já registradas na temporada atual diminuíram a produção em 2021 e pioraram as perspectivas para 2022-23.

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Pés de café no sul de Minas foram “significativamente afetados e terão dificuldade para se recuperar para a safra do próximo ano”, disse Lerner. “O estresse será intenso, há muitos e muitos anos não fazia tanto frio e o solo já está seco.”

Diante das condições de seca, é ainda mais importante que as chuvas cheguem no momento oportuno, em setembro, mas o movimento pode ser atrasado pela volta do fenômeno La Niña, alertou o executivo.

“A produção do Brasil em 2022-23 foi claramente reduzida pelo clima frio deste mês, então os operadores do mercado podem usar um considerável recuo de curto prazo como uma nova oportunidade para montar posições compradas”, afirmou o relatório Hightower de Chicago.

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