Bloomberg — A cotação do café arábica sofreu a maior queda desde setembro e reduziu seu avanço no mês com a diminuição das preocupações sobre os estragos climáticos adicionais nos cafezais no Brasil, o maior exportador mundial do produto.
A geada desta madrugada atingiu cerca de 80% do sul de Minas Gerais, a principal região produtora do país, mas o impacto foi menor do que se temia, de acordo com Drew Lerner, presidente da World Weather. A região pode ser atingida por “geadas irregulares” no sábado e no domingo. Em sua maioria, as áreas produtoras de cana-de-açúcar e frutas cítricas foram poupadas dos piores desdobramentos e qualquer impacto ficou restrito, disse Lerner.
“Quaisquer perdas com o evento de hoje serão muito limitadas”, acrescentou Carlos Mera, chefe de pesquisa agrícola do Rabobank Internacional. “No entanto, ainda vemos algum potencial para geadas nos próximos três dias.”
Mesmo com a queda de preços na sexta-feira, ainda há risco de encarecimento do café para os consumidores nos supermercados e cafeterias, em um momento de alta generalizada dos preços globais de alimentos. Esta última onda de frio no Brasil foi outra má notícia para plantações já prejudicadas pela seca e pela pior geada em duas décadas. Temperaturas congelantes podem reduzir a oferta global de café por anos porque são particularmente nocivas às árvores mais novas.
O contrato de café arábica para entrega em setembro chegou a desabar 9% para US$ 1,7860 por libra, marcando uma quarta perda consecutiva. A commodity ainda acumula ganho aproximado de 14% em julho e de quase 60% nos últimos 12 meses. A seca do ano passado e três geadas já registradas na temporada atual diminuíram a produção em 2021 e pioraram as perspectivas para 2022-23.
Pés de café no sul de Minas foram “significativamente afetados e terão dificuldade para se recuperar para a safra do próximo ano”, disse Lerner. “O estresse será intenso, há muitos e muitos anos não fazia tanto frio e o solo já está seco.”
Diante das condições de seca, é ainda mais importante que as chuvas cheguem no momento oportuno, em setembro, mas o movimento pode ser atrasado pela volta do fenômeno La Niña, alertou o executivo.
“A produção do Brasil em 2022-23 foi claramente reduzida pelo clima frio deste mês, então os operadores do mercado podem usar um considerável recuo de curto prazo como uma nova oportunidade para montar posições compradas”, afirmou o relatório Hightower de Chicago.
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