Vale aposta em tecnologia de bolhas para tornar a remessa de ferro mais barata e limpa

Sistema de lubrificação a ar das embarcações deve reduzir o uso de combustível em até 8%, com possível redução de 4% nas emissões de CO2.

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Bloomberg — (Bloomberg) Pequenas bolhas se tornaram a última esperança para reduzir os custos e as emissões de combustível na jornada de 13.000 milhas náuticas (24.000 km) desde as minas de minério de ferro do Brasil até as siderúrgicas da China

A Vale S.A., segunda maior exportadora de minério de ferro do mundo, está testando uma técnica na qual compressores enviam ar para dispositivos localizados no caso de embarcações, formando uma camada de bolhas que reduz o atrito entre o casco e a água. A primeira transportadora com o sistema de lubrificação a ar deve chegar ao Brasil em agosto, vindo da China.

A empresa do Rio de Janeiro, cujas minas estão muito mais longe das siderúrgicas Asiáticas que as minas da Austrália, busca reduzir os custos e chegar a um desconto comercial com suas principais concorrentes, a Rio Tinto Group e a BHP Group. Ao mesmo tempo, a empresa também está envidando esforços ambientais, sociais e de governança, após os recentes desastres nas barragens de rejeitos e no momento em que o mundo tenta reduzir a emissão de gases estufa. O transporte marítimo de minério da Vale emite 18 milhões de toneladas de emissões de carbono por ano.

Projetado pela Silverstream Technologies, do Reino Unido, o sistema de lubrificação a ar deve reduzir o uso de combustível em no mínimo 5-8%, com possível redução de 4,4% nas emissões – 860.000 toneladas de CO2 por embarcação, afirmou Rodrigo Bermelho, gerente técnico de navegação da Vale.

A instalação do sistema no primeiro navio na China levou 35 dias e custou US$ 5 milhões para a Vale. Se o teste for bem-sucedido, a empresa poderá instalar a lubrificação a ar em toda a sua frota contratada, possivelmente compartilhando os custos com as proprietárias da frota.

Como parte de seu compromisso perante as metas de emissão da Organização Marítima Internacional, a Vale também está testando a tecnologia de vela rotativa em seus grandes navios, bem como um tanque multicombustível que pode armazenar e utilizar gás natural liquefeito, metanol e amônia como combustíveis marítimos alternativos.

“O transporte representa aproximadamente metade dos custos incorridos desde a mina até o cliente”, afirmou Bermelho. “É um elo estratégico de nossa cadeia”.

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