Jerry Seinfeld: fortuna de comediante de série ‘sobre nada’ chega a US$ 1 bilhão

Estimativa da Bloomberg indica que a riqueza do ator e comediante, estrela da série Seinfeld, superou US$ 1 bi; ganhos vieram principalmente de acordos de transmissão

Seinfeld
Por Annie Massa e Vernal Galpotthawela
23 de Março, 2024 | 04:10 PM

Bloomberg — Para um programa famosamente sobre nada, Seinfeld criou uma quantidade significativa de algo para a estrela do programa.

A duradoura série de comédia ajudou a impulsionar a fortuna do comediante Jerry Seinfeld para mais de US$ 1 bilhão, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index, que avalia a riqueza dele pela primeira vez.

O programa, cocriado com Larry David, tem se mostrado durável desde a estreia em 1989, servindo como uma plataforma para outros tipos de receitas, mesmo com a mudança nos hábitos de consumo de TV.

Uma parte da fortuna de Seinfeld vem de uma série de acordos de transmissão, que lhe renderam cerca de US$ 465 milhões, de acordo com estimativas da Bloomberg, enquanto um acordo com a Netflix (NFLX) para os direitos de streaming trouxe mais US$ 94 milhões. Ele também ganhou mais de US$ 100 milhões desde os anos 1980 em turnês, segundo a estimativa.

PUBLICIDADE

Leia também: Novo streaming de esportes com ESPN e Fox mira 5 milhões de assinantes, diz Murdoch

A análise assume que Seinfeld, 69 anos, investiu seus ganhos a partir de 1990. O dinheiro é valorizado de acordo com o desempenho histórico do índice MSCI World.

A estimativa inclui US$ 40 milhões em imóveis, incluindo um apartamento na região oeste do Central Park, em Nova York, uma casa nos Hamptons (destino de luxo no litoral do estado de Nova York) e um galpão na Califórnia. Sua coleção de carros vintage — alguns dos quais foram apresentados em sua série Comedians in Cars Getting Coffee, na Netflix — não foi incluída na análise.

PUBLICIDADE

Amy Jacobs, representante de Seinfeld, chamou o cálculo da riqueza de “impreciso”, mas se recusou a fornecer mais detalhes.

Vida cotidiana

Nascido no Brooklyn e criado na cidade de Massapequa, em Long Island, Seinfeld frequentou o Queens College, onde praticou stand-up, aprimorando um tipo de comédia observacional.

Explorando os detalhes mundanos da vida cotidiana, Seinfeld criou piadas a partir de tópicos tão simples quanto esperar na fila do banco, ser canhoto ou ouvir um piloto de avião atualizar os passageiros por meio de um sistema de som.

Aparições no programa Tonight Show com Johnny Carson e no Late Night com David Letterman o catapultaram para a fama.

Mas Seinfeld levou sua celebridade a um novo nível.

Com trilha sonora distinta, Seinfeld captura tanto a vida na Manhattan dos anos 1990 quanto transcende sua era.

“Ele aborda o absurdo da vida cotidiana moderna, o que permite essa sensação frequente de que se está em um episódio de Seinfeld”, disse Jennifer Keishin Armstrong, autora do livro Seinfeldia: How a Show about Nothing Changed Everything.

PUBLICIDADE

“Se você assistir ao programa, inevitavelmente se encontrará frequentemente dizendo que algo é ‘como um episódio de Seinfeld’”, disse ela.

Centrado em um grupo de nova-iorquinos — o exigente Jerry, o neurótico George, a julgadora Elaine e o excêntrico Kramer — que cutucam, conspiram, fofocam e opinam de um café icônico e do apartamento de Jerry, Seinfeld tem uma fama enraizada que permanece potente mais de duas décadas após o final da série.

Ao longo dos anos, Seinfeld meticulosamente chamou a atenção sobre hábitos peculiares - a pessoa que fala muito perto (close talker), aquela que fala muito baixo (low talker), a que dá de presente um presente que ganhou (regifter), a que mergulha uma comida no molho duas vezes (double dipper) — que entraram facilmente para o cotidiano.

Os verdadeiros fãs de Seinfeld têm uma linguagem própria. Um amante “digno de esponja” (sponge-worthy), um sósia “bizarro” ou a expressão “yada-yada” (algo como “bla-bla-bla” ou “conversa vai, conversa vem”) são referências que não exigem mais explicações entre os devotos.

PUBLICIDADE

“Os quatro personagens principais capturam sentimentos e comportamentos muito universais com os quais muitos de nós podemos nos relacionar”, disse Anthony Tobia, professor de psiquiatria da Universidade Rutgers, que usa Seinfeld como uma ferramenta para ensinar estudantes de Medicina sobre transtornos de personalidade. “Eles se comportam de maneiras que todos nós temos a capacidade de fazer.”

Quando a Netflix comprou os direitos de transmissão global de todos os 180 episódios de Seinfeld em 2019, o Los Angeles Times reportou que a empresa pagou “muito mais” do que os US$ 500 milhões que a NBCUniversal desembolsou pelos direitos de transmissão de The Office, ou os US$ 425 milhões que a WarnerMedia pagou por Friends, citando pessoas familiarizadas com o assunto que não foram identificadas.

Mesmo em 1998, o ano em que o episódio final de Seinfeld foi ao ar, os executivos de TV pareciam reconhecer que aquela poderia ser a última de um tipo de série em declínio.

O programa “pode ser o último grande sucesso de sitcom a sair da TV para sempre”, disse Bill Burke, ex-presidente da TBS Superstation, em um artigo de 1998 no New York Times. A Turner Broadcasting pagou mais de US$ 1 milhão por episódio pelos direitos de retransmissão a cabo de Seinfeld, informou o jornal.

PUBLICIDADE

Na época que foi exibido, Seinfeld ficou no topo das classificações da Nielsen. As temporadas três a oito ficaram todas entre os 500 programas mais assistidos da Netflix, de acordo com dados que catalogaram os telespectadores de janeiro a junho de 2023.

Influência duradoura

Sinais de sua influência duradoura estão por toda parte. O merchandising de Seinfeld está entre os mais procurados para qualquer programa de TV. Os fãs podem comprar uma tigela de ramen e conjunto de hashi impresso com “NO SOUP FOR YOU”; uma placa de carro falsa gravada com as letras ASSMAN; uma vela perfumada de lavanda com a famosa súplica do pai de George: “Serenity Now!”

PUBLICIDADE

Os devotos podem se reunir em eventos presenciais. O time de beisebol Brooklyn Cyclones hospeda uma noite de Seinfeld na qual os fãs competem em um “Concurso de Dança de Elaine”, imitando os chutes espasmódicos e os movimentos desajeitados de polegar que o personagem de Julia Louis-Dreyfus exibe em uma festa, horrorizando os colegas de trabalho.

Seinfeld, cujo processo de escrita meticuloso é bem documentado, tem novos projetos em andamento.

Um próximo filme, Unfrosted: the Pop-Tart Story, dirigido por Seinfeld, está programado para ser lançado em maio.

PUBLICIDADE

“Eu gosto de dinheiro”, disse Seinfeld ao New York Times em 2012. “Mas nunca foi sobre o dinheiro.”

Veja mais em Bloomberg.com