Rodadas da semana: aportes crescem 73% no trimestre, com dívida e foco em fintechs

Nesta semana, Neon conclui rodada Série E com novos R$ 150 milhões e captação total que chegou a R$ 720 milhões; e Woba, plataforma de escritórios, tem Série B com US$ 13,5 milhões

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Bloomberg Línea — O segundo trimestre de 2025 trouxe um alívio para o ecossistema de startups na América Latina.

Foram US$ 2 bilhões investidos em 149 rodadas, um crescimento de 73% sobre os três primeiros meses do ano. O avanço foi impulsionado por operações de dívida, que somaram US$ 805 milhões e responderam por quase 40% do volume total.

O Brasil liderou em número de rodadas na região, com 91, que contabilizaram US$ 875 milhões - ou 43% de todo o capital investido.

Em volume levantado, o México ocupou o primeiro lugar com uma leve diferença de US$ 7 milhões, ao captar US$ 882 milhões. Os dados são de relatório elaborado pela plataforma Sling Hub.

Por atividades, as fintechs mantiveram o protagonismo, sendo o destino de 57% dos investimentos.

O balanço também registrou o avanço de startups ligadas à inteligência artificial. O número de rodadas em IA caiu em relação ao mesmo período de 2024, mas os desembolsos subiram 56%, fechando em US$ 777 milhões.

Startups com produtos classificados como AI-enabled garantiram as maiores fatias na distribuição dos aportes, caso da mexicana Clara, da colombiana Simetrik e da brasileira CloudWalk. Empresas de AI-first ficaram com 9% do total.

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Neon

A Neon concluiu uma extensão de R$ 150 milhões em sua rodada Série E, elevando o total captado na rodada para R$ 720 milhões desde 2023.

A nova tranche foi liderada pelo International Finance Corporation (IFC), braço de investimentos do Banco Mundial, e pelo fundo alemão DEG, com a participação de investidores já presentes no cap table, como BBVA e General Atlantic.

O novo capital será usado para acelerar a expansão da carteira de crédito e reforçar o investimento em produtos e tecnologia, incluindo o consignado privado, cuja regulamentação está em fase final.

A fintech também aposta em ferramentas personalizadas no app para atrair um público de perfil B-, além do foco já tradicional nas classes C e D.

A Neon tem avançado no processo de internalização dos seus serviços financeiros e conquistou recentemente a licença de Iniciador de Transações de Pagamentos (ITP).

A fintech fechou 2024 com prejuízo de R$ 299,5 milhões, mas iniciou 2025 no azul, com lucro líquido de R$ 9,3 milhões no primeiro trimestre.

Atualmente, a carteira de crédito ultrapassa R$ 6 bilhões, com destaque para cartões, empréstimos pessoais e consignado.

Woba

Empresa com um marketplace de escritórios flexíveis por assinatura, a Woba captou US$ 13,5 milhões - em torno de R$ 75 milhões na cotação atual - em uma rodada Série B liderada pela Bewater, com participação de Kaszek, Valor Capital, Endeavor Catalyst, Endeavor Scale-Up Ventures e Citrino Ventures.

Com mais de 2.500 espaços cadastrados no Brasil, a startup atende grandes corporações como XP, Itaú, C6 Bank, Mercado Livre e Stellantis.

A tese da startup fundada pelos irmãos Roberta e Pedro Vasconcellos é oferecer flexibilidade e capilaridade para operações com modelo híbrido de trabalho ou descentralizadas, o que inclui de estações compartilhadas até escritórios sob medida.

O novo capital será usado para escalar a base de clientes, fortalecer a rede de parceiros e acelerar o desenvolvimento da tecnologia da plataforma, com foco em automação, IA e inteligência de mercado.

A startup afirma que cresceu 135% nos últimos 12 meses.

Covalenty

A Covalenty, plataforma de tecnologia voltada à digitalização do varejo farmacêutico independente, captou R$ 15 milhões em uma rodada de equity liderada pela Astella e acompanhada pela Aggir Ventures.

Os novos recursos serão utilizados para acelerar a expansão da base de farmácias atendidas e reforçar sua atuação como elo entre pequenas drogarias e grandes indústrias e distribuidores do setor.

Fundada por Miriam Retz e Renato Tano, a healthtech cresceu de 50 para mais de 2.300 farmácias como clientes nos últimos dois anos.

A plataforma usa inteligência artificial para prever reposições de estoque, otimizar pedidos e oferecer melhores condições de compra a pequenas e médias farmácias.

O modelo busca reduzir rupturas, ampliar margens e aproximar essas farmácias de melhores oportunidades comerciais, historicamente concentradas nas grandes redes.

Além da Astella e da Aggir, os fundos Iporanga, DOMO, 1616 e Stamina, que já haviam investido na empresa, permanecem no cap table.

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