‘Promoção de golfinhos’: aquário nos EUA mergulha em crise e coloca animais à venda

A operadora de parques aquáticos The Dolphin Company entrou com processo de Chapter 11 e alega não ter dinheiro para continuar cuidando de milhares de golfinhos, leões-marinhos, peixes-boi e focas

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Bloomberg — A falida operadora de parques aquáticos The Dolphin Company vai colocar à venda centenas de golfinhos e outros mamíferos marinhos. A empresa alega estar com pouco dinheiro e sem condições de continuar cuidando de seus animais.

A empresa busca a aprovação do tribunal para realizar vendas que também incluiriam ativos como imóveis, de acordo com um documento apresentado na quarta-feira (3). A TDC disse que tem liquidez limitada e que os custos de cuidados com seus cerca de 2.400 animais são “excessivamente altos”.

A empresa, que opera mais de 30 atrações em oito países, entrou com o processo de Chapter 11 nos EUA (equivalente a recuperação judicial no Brasil) em março, depois que as suas operações nos EUA foram assumidas por consultores apoiados por credores. A empresa sempre afirmou que o bem-estar dos animais era sua principal prioridade.

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A falência revelou o papel duplo que os animais desempenham nos parques temáticos.

Para a TDC, os mamíferos marinhos não são apenas suas atrações mais valiosas, mas também a garantia de mais de US$ 100 milhões em dívidas. Os mais valiosos são os golfinhos e os leões marinhos, de acordo com os registros do tribunal. A empresa disse no processo de quarta-feira que, em 2023, tinha 295 golfinhos, 51 leões-marinhos, 18 peixes-boi e 18 focas.

A empresa disse em 30 de maio que estava fechando um parque na Flórida após a morte prematura de um quinto golfinho nariz-de-garrafa no ano passado. Esse local, que está sendo investigado pelo estado por possíveis abusos contra animais, “passou por anos de negligência” sob a administração anterior, de acordo com os consultores.

“A venda e a transferência desses animais não só trará valor para as propriedades dos devedores”, disse o TDC no processo de quarta-feira, “mas também ajudará no bem-estar e na segurança dos animais”.

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Batalha judicial

Qualquer venda de ativos deve ser aprovada por um juiz e provavelmente ocorrerá em meio a uma luta judicial contínua entre o ex-diretor executivo da TDC, Eduardo Albor, e a nova administração instalada pelos credores. Albor inicialmente se recusou a abrir mão do controle dos parques no México, onde a empresa está sediada, de acordo com documentos judiciais.

Na semana passada, o juiz americano Laurie Silverstein ordenou que ele parasse de interferir nas operações da empresa e desse à nova administração acesso às contas bancárias e a outros registros financeiros. Albor também foi condenado a pagar uma multa diária de US$ 10.000. Enquanto isso, os conselheiros da TDC o acusaram de usar leitores de cartão de crédito comprados da Costco para desviar a receita de ingressos dos parques mexicanos.

Albor havia se comprometido em maio a cooperar com os novos gerentes. No início desta semana, escritórios de advocacia pediram permissão ao tribunal de falências para deixar de representar Albor por falta de pagamento.

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A TDC foi transformada em uma corporação multinacional ao longo de décadas, mas Albor perdeu o controle do negócio depois que a empresa deixou de pagar cerca de US$ 100 milhões em dívidas, de acordo com um processo judicial de maio.

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