De mercearias a advogados: Itaú quer alavancar expansão com novo app para PMEs

Maior banco do país busca crescer no segmento com oferta de conta digital PJ no aplicativo denominado Itaú Emps, com foco em gestão financeira com uso de IA generativa, diz o diretor Pedro Prates em evento

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Bloomberg Línea — Restaurantes, mecânicas, mercearias, lojas de material de construção, médicos, advogados e freelancers.

Esses são alguns dos nichos de empreendedores da economia brasileira, com faturamento anual entre R$ 200 mil e R$ 3 milhões, que o Itaú Unibanco (ITUB4) espera atrair para sua conta digital PJ, agora denominada Itaú Emps.

Trata-se da nova aposta do maior banco do país para escalar o cada vez mais competitivo segmento de PME (Pequenas e Médias Empresas) no Brasil.

Esses ramos de negócios foram apontados como público-alvo pela análise de dados realizado pelo gigante financeiro, segundo Pedro Prates, diretor do Itaú Emps, durante entrevista coletiva realizada nesta segunda-feira (21) na sede do banco no Jabaquara, na zona sul de São Paulo.

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“O Itaú Emps será um vetor de crescimento para o Itaú, com a principalidade como métrica de sucesso. É hora de acelerar a nossa escala”, disse Prates, que reforçou que o banco tem a maior carteira de crédito para PME no Brasil.

O timing do lançamento vem no momento em que fintechs especializadas em pequenas empresas ganham tração no mercado.

O principal diferencial do Itaú, segundo executivos, são recursos tecnológicos em tese superiores aos dos concorrentes, como autosserviço, uso de IA Generativa na gestão financeira do negócio e a gigantesca base de dados acumulados pelo conglomerado financeiro, o maior da América Latina.

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O Itaú Emps funciona com um app sem cobrança de mensalidade e segue o modelo clássico de captura de mercado por meio de subsídios.

Produtos de crédito e venda cruzada de serviços podem se tornar as principais fontes de receita uma vez estabelecida a base de clientes.

O segmento de adquirência também é contemplado pelo novo app. Empreendedores que aderirem ao Itaú Emps terão a integração com a “laranjinha” (máquina de cartão do Itaú), o que permite centralizar informações de vendas, fluxo de caixa e relacionamento bancário em uma única plataforma.

Já o atendimento a MEI (Microempreendedor Individual) pelo app deve começar apenas em 2026, após adaptação da plataforma a questões regulatórias específicas desse tipo de cliente.

A apresentação da nova ofensiva do banco contou com a participação também de Carlos Eduardo Mazzei, diretor de tecnologia do Itaú Unibanco. Houve uma ênfase na adoção de uma “IA responsável”, sem abrir mão do modelo de “atendimento humano em 30 segundos”.

O novo posicionamento do Itaú para PME reflete, na prática, a redução de custos operacionais por meio de automação, em mais um passo no seu plano de transformação digital iniciado em 2023.

No ano passado, o maior banco do país realizou uma integração de sete apps para criar um superapp que unifica os serviços para pessoa física.

“Já temos mais de 500 cases de Gen AI em teste, sendo mais de 100 soluções já produtivas, impactando diretamente nossos negócios e clientes”, disse Mazzei.

O segmento de PME foi historicamente negligenciado por grandes instituições financeiras mais tradicionais.

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No evento, Nathália Porto, diretora da Quaest, apresentou dados de uma pesquisa encomendada pelo Itaú sobre a realidade de pequenos empreendedores no país, que ainda dependem de cadernetas (16%) e planilhas básicas (23%) para controlar suas finanças.

O estudo apontou que, apesar de haver perfis muito diversos na relação com as finanças, há um ponto em comum aos empreendedores brasileiros: ele buscam um banco que ofereça apoio em questões como controle de custos e gestão, com soluções financeiras que aliem tecnologia, apoio consultivo e segurança.

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