Bloomberg Línea — Mario Leão, CEO do Santander Brasil (SANB11), tem repetido há três trimestres um mantra nas divulgações do banco: ser mais rentável antes de crescer.
No balanço divulgado nesta quarta-feira (30), a operação da companhia espanhola no Brasil apresentou números definidos pelo executivo como uma continuidade da estratégia: lucro e rentabilidade estáveis frente ao último trimestre, com conservadorismo na concessão de crédito.
“Fomos o primeiro banco a falar que seríamos mais cautelosos, e esse trimestre é bastante consistente [com essa narrativa]. Isso não nos incomoda”, afirmou o CEO em entrevista a jornalistas para comentar os resultados do banco.
Uma das principais fontes de receita e expansão das instituições financeiras, a carteira de crédito do Santander ficou perto da estabilidade no primeiro trimestre, com leve queda de 0,1% em três meses.
“O que estamos buscando é otimizar essa carteira para extrair mais valor para os clientes e para o banco, consequentemente”.
A postura de avanço gradual do Santander se estende ao ROAE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido Médio), principal indicador de rentabilidade do banco, que registrou leve baixa de 0,02% no primeiro trimestre, para 17,4%.
Ainda assim, é o terceiro resultado do indicador acima do patamar de 17% – uma melhora estrutural do indicador na avaliação dos analistas do Citi.
Durante a crise de inadimplência do pós-pandemia, o Santander saiu de um patamar de 20% de ROAE para um piso na faixa dos 10% em 2022, nas mínimas do indicador.
O executivo reforçou que um dos objetivos do banco é reconquistar o patamar mínimo de 20% de ROAE – mas no médio prazo.
“O que mostramos no primeiro trimestre é que conseguimos manter um patamar de lucro e rentabilidade compatível com o que entregamos no ano passado. [Mas] não vamos ter um grande salto em 2025”, disse.
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“O ano passado foi um ano de recuperação bem material de lucro e lucratividade. Portanto é improvável que o banco tenha um ‘delta’ de lucratividade neste ano compatível com o que foi 2024 e 2023.”
Outro desafio para 2025 é o cenário de alta de juros, em que, apesar de não trazer “grande preocupação”, há deterioração de alguns portfólios. “Não vejo crise de crédito, mas existe uma deterioração de margem.”
Entre os setores, Leão destacou o agronegócio e o portfólio de médias e grandes empresas, que passaram por grande número de recuperações judiciais (RJs) em 2024.
“Não é algo disseminado, mas a quantidade de RJs bateu recorde no último ano. Para nomes específicos da nossa carteira corporate, uma deterioração é, de certa forma, esperada, dado o nível de juros.”
As units do Santander subiam cerca de 3,00% por volta das 15h30. Os papéis acumulam ganhos perto de 5% na semana – os papéis de bancos têm subido em linha com o otimismo do Ibovespa nos últimos dias. No ano, as units do Santander sobem mais de 20%.
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