Cartão de débito terá mais benefícios e ofertas, diz CEO da Mastercard Brasil

Marcelo Tangioni diz em evento em São Paulo que o uso do cartão com pagamento por aproximação deve chegar a 76% do mercado em dois anos, uma projeção da Abecs

Marcelo Tangioni, CEO do Mastercard Brasil
29 de Fevereiro, 2024 | 08:21 PM

Bloomberg Línea — O uso do cartão com pagamento por aproximação em compras vai representar 76% do mercado em dois anos, acima da participação registrada em 2023 (56%), disse o CEO da Mastercard Brasil, Marcelo Tangioni, nesta quinta-feira (29), em conversa com jornalistas, citando projeção elaborada pela Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços).

O executivo avaliou que a tecnologia contactless está em ritmo de crescimento acelerado devido à maior aceitação pelos consumidores, que buscam cada vez mais conveniência e segurança.

A empresa de cartões considera que as transações sem contato estão transformando os celulares em maquininhas (tecnicamente chamadas de POS, Points of Sales, ou ponto de venda em tradução livre), como equipamentos de cartão sem fio usados em restaurantes, lojas e delivery. O executivo disse que transações sem contato incluem as feitas pela aproximação com o celular ou com o cartão físico.

“No Brasil, o cartão de crédito é o método preferido dos consumidores. Na Europa, é o de débito”, comparou Tangioni.

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Ele citou dados de uma pesquisa sobre os hábitos do consumidor: 77% utilizam pagamentos eletrônicos na América Latina, dos quais 64% usam cartão de crédito em compras presenciais e 48% recorrem ao de débito nessa experiência.

No Brasil, 33% usam o cartão em lojas físicas, e 69%, em lojas online. O levantamento foi feito em 14 países na América Latina e no Caribe, incluindo o Brasil.

O estudo apontou ainda que cerca de 55% dos brasileiros indicam que a adoção de pagamentos eletrônicos é motivada pelo ganho em conveniência, enquanto a segunda razão, com 49%, é a redução da necessidade de portar dinheiro em espécie e a velocidade da transação aparece em terceiro, com 48%.

Prioridades para 2024

O CEO da Mastercard Brasil apontou, entre as prioridades para 2024, expandir sua posição de liderança no mercado nacional, ampliando serviços e abraçando novas redes. Entre os planos está o fortalecimento do cartão de débito com oferta de benefícios e promoções, diante da concorrência com o Pix (sistema instantâneo de pagamento criado pelo Banco Central).

Tangioni afirmou que os emissores de cartões (bancos e fintechs) no Brasil começam a flexibilizar limites dos clientes após o pico da inadimplência no último ano e que o cenário macroeconômico com a continuidade do ciclo de corte de juros no país tende a favorecer o consumo.

“Vamos fortalecer nossas parcerias com Itaú Unibanco (ITUB4), XP (XP), Nubank (NU) e Bradesco (BBDC4)”, destacou Tangioni.

Ele destacou a expansão do portfólio de cartões para a alta renda em 2023, mencionado o The One (Personnalité e Private) emitido pelo Itaú e a parceria para a entrada do Nubank no segmento de alta renda com apoio às PMEs (pequenas e médias empresas), além do cartão de crédito da Amazon Brasil emitido pelo Bradesco, da conta global do Santander Brasil (SANB11) e da XP.

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O CEO disse que trabalha com uma projeção de crescimento entre 1,5% e 2% no consumo privado em 2024, considerando o cenário de queda da taxa de juros e de inflação, com o controle da inadimplência e uma recuperação da força do consumo.

“A inflação é ruim para a indústria de cartões, pois corrói a capacidade de compra do consumidor”, destacou o executivo.

A Mastercard Brasil espera aumentar sua presença em sistemas de transporte no Brasil. Atualmente, em 13 cidades brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte, as passagens podem ser pagas com cartões, segundo a administradora, com um crescimento anual de 87%.

Sobre o ambiente de competição, Tangioni tratou com cautela os impactos do anúncio da fusão entre duas grandes empresas de cartões americanas, a Capital One e a Discover Financial, anunciada no último dia 20, que alguns analistas apontaram como um risco à hegemonia da Mastercard e da Visa.

“É cedo para fazer algum comentário. A notícia surpreendeu as bandeiras e os bancos. Há quem veja dificuldades para o regulador americano aprovar esse deal. Não sabemos ainda se esse negócio vai ou não acontecer nem como vai afetar a indústria”, disse o CEO da Mastercard Brasil.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.