A caminho do breakeven, Neon tem aporte de R$ 150 mi para crescer em crédito

Captação liderada pelo IFC, do Banco Mundial, e o fundo alemão DEG é uma extensão de rodada Série E iniciada no fim de 2023; recursos também serão para investir em produtos e tecnologia, diz Jamil Marques, VP de Operações, à Bloomberg Línea

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Bloomberg Línea — A Neon concluiu um aporte de R$ 150 milhões, em extensão da rodada série E que captou R$ 720 milhões ao longo dos últimos dois anos. O International Finance Corporation (IFC), braço de investimentos do Banco Mundial, e o fundo alemão DEG lideraram a nova captação para a fintech.

O aporte representa uma terceira tranche de uma captação que contou com anúncios em dezembro de 2023, no valor de US$ 64 milhões, e agosto de 2024, com US$ 38 milhões.

”Esse investimento também marca uma aposta de que devemos continuar crescendo”, afirmou Jamil Marques, VP de Operações da Neon, em entrevista à Bloomberg Línea.

Investidores no cap table como BBVA e General Atlantic também entraram na extensão na fintech, liderada pelo CEO Fernando Miranda.

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O executivo não revelou o valuation da startup após os novos recursos, mas disse que continua como unicórnio, status de negócios avaliados em US$ 1 bilhão ou mais.

A instituição financeira, fundada em 2016 por Pedro Conrade, busca fechar o seu primeiro ano no lucro.

Em 2024, o Neon encerrou os 12 meses com prejuízo de R$ 299,5 milhões, queda de 66% em relação aos R$ 880,6 milhões de um ano antes.

Os números, apesar de negativos, apontam uma evolução no negócio e para uma tendência de ganhos. Em novembro e dezembro do ano passado, a operação fechou “no azul”, mesma sinalização com a qual começou em 2025.

Nos três primeiros meses, a Neon registrou lucro de R$ 9,3 milhões e reverteu o prejuízo de R$ 161,7 milhões no mesmo período do ano anterior.

“Nós não fornecemos guidance, mas seguimos uma trajetória sem surpresas. Estamos animados com o andar da carruagem”, disse Marques.

“E, obviamente, seguimos atentos ao contexto macroeconômico, que não controlamos para o segundo semestre.”

A referência é ao aumento da taxa Selic, que avançou 4,75 pontos percentuais nos primeiros meses do ano e está hoje em 15,00% ao ano, o que encarece o custo do crédito e torna os empréstimos mais arriscados, dada a pressão sobre a população.

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A Neon avançou nos últimos anos de um formato em que dependia de parceiros para a incorporação do desenvolvimento e da oferta de serviços dentro de casa, com um modelo de conta digital com foco nas classes C, D e C.

“Estivemos em uma jornada de independência nos últimos quatro anos”, disse Marques, sobre o processo de internalizar a operação, que combinou eventos orgânicos e inorgânicos, como a aquisição da financeira Biorc no ano passado.

Os movimentos permitiram à fintech atingir um maior grau de maturidade e assumir a gestão de carteira de crédito, fazer emissões próprias e obter licenças como a recente de Iniciação de Transação de Pagamentos (ITP).

Os novos recursos anunciados chegam para fortalecer o caixa da fintech.

“O aporte viabiliza a capacidade de investimento. Duas coisas que faremos é investir em crescimento de carteira [de crédito] de um lado e, do outro continuar, reforçar o investimento em desenvolvimento de produtos, serviços e em tecnologia”, contou.

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A startup procura reforçar as suas ofertas de produtos como cartão de crédito, Pix, empréstimo pessoal e também do consignado privado, que passou por nova regulamentação federal e aguarda sanção presidencial. Atualmente, o Neon acumula uma carteira de crédito superior a R$ 6 bilhões.

Entre as modalidades de crédito oferecidas pela instituição - cartão de crédito, empréstimo pessoal e consignado -, o terceiro representa ainda o menor volume e no qual a instituição enxerga mais oportunidades de avançar.

Em 2024, o total negociado ficou em R$ 581 milhões, versus R$ 651 milhões em empréstimos pessoal e R$ 4,6 bilhões de cartões.

“Nós seguimos crescendo a carteira, no passo que consideramos adequado para esse contexto. Temos reforçado o consignado, que entendemos ser um produto de menor risco e que nos ajuda a crescer a carteira com um perfil melhor”, disse. “Será um produto importante para o nosso crescimento.”

A startup também começa a trabalhar com outro perfil de público, o B-, em busca de novas oportunidades de entrada. De acordo com o executivo, a partir de mudanças e criação de novas funcionalidades no app, há um horizonte, com produtos personalizados, para atrair esses potenciais clientes.

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