Futuros em NY operam em queda após rebaixamento de nota de crédito pela Moody’s

“Parece normal para mim que o mercado [de ações] precise de uma pausa e o rebaixamento da Moody’s é uma boa desculpa”, disse Stephane Deo, gestor sênior de portfólio da Eleva Capital

Por

Bloomberg — Os futuros dos EUA operam em queda nesta segunda-feira (19), após o rebaixamento da nota de crédito do país pela Moody’s e diante do menor apetite por risco por parte dos investidores.

O dólar caiu 0,3%. Já o ouro subiu 0,8%, com a demanda por ativos considerados mais seguros sendo impulsionada por preocupações com a perspectiva econômica dos EUA.

Na sexta-feira, a Moody’s Ratings retirou do governo dos EUA sua principal classificação de crédito, e baixou a nota do país de Aaa para Aa1.

O rebaixamento tende a reforçar as crescentes preocupações de Wall Street com o mercado de títulos soberanos dos EUA, já que o déficit orçamentário crescente mostra poucos sinais de retração.

A decisão de rating ocorre em um momento em que parlamentares debatem novos cortes de impostos sem financiamento e a economia parece caminhar para uma desaceleração, enquanto Trump desfaz parcerias consolidadas e reestrutura acordos comerciais.

“Os atuais níveis de rendimento dos Treasuries dos EUA não parecem desconectados dos fundamentos econômicos”, disse Stephane Deo, gestor sênior de portfólio da Eleva Capital, em Paris.

Quanto às ações, “parece muito normal para mim que o mercado precise de uma pausa — e o rebaixamento da Moody’s é uma boa desculpa para isso”.

A Moody’s se juntou à Fitch Ratings e à S&P Global Ratings ao classificar a maior economia do mundo abaixo da nota máxima triplo A. A agência agora adota uma perspectiva estável. Embora a Moody’s reconheça as significativas forças econômicas e financeiras dos EUA, a empresa afirmou que isso já não compensa totalmente o enfraquecimento dos indicadores fiscais.

Na segunda-feira, os rendimentos dos Treasuries de 10 anos subiram quatro pontos-base, para 4,51%, enquanto os de 30 anos avançaram cerca de oito pontos, para 5,02%.

“Se a história servir de guia, o impacto de decisões de rating costuma ser passageiro”, disse Mohit Kumar, economista-chefe e estrategista do Jefferies International.

“Dito isso, o contexto atual é diferente. A guerra tarifária já levou muitos investidores a questionarem a credibilidade de investir nos EUA e a buscarem alternativas.”

No Capitólio, um comitê da Câmara dos Deputados aprovou o pacote fiscal e tributário de Trump após parlamentares republicanos linha-dura conseguirem que a liderança do partido acelerasse cortes na cobertura de saúde do Medicaid.

O Comitê de Orçamento da Câmara aprovou a legislação no fim da noite de domingo, após quatro ultraconservadores do painel se unirem aos democratas na sexta-feira para rejeitar a proposta inicialmente.

Veja a seguir outros destaques desta manhã de segunda-feira (19 de maio):

– Diageo e o impacto das tarifas. A fabricante do uísque Johnnie Walker pretende cortar US$ 500 milhões em custos ao longo de três anos para compensar os efeitos das tarifas, que podem gerar um impacto de até US$ 150 milhões por ano nos níveis atuais.

- Mercado de chips. A Xiaomi planeja investir US$ 6,9 bilhões ao longo de dez anos no desenvolvimento de seu próprio processador móvel, em uma estratégia para ampliar sua presença no setor de semicondutores, à medida que o domínio sobre tecnologias de chips se torna cada vez mais estratégico.

Revolut ajusta o foco. O maior banco digital da Europa pretende investir mais de € 1 bilhão (US$ 1,1 bilhão) na França nos próximos três anos, em meio aos planos de expansão da fintech pelo continente europeu. A Revolut pretende atingir 10 milhões de usuários até o final de 2026.

🔘 As bolsas na sexta (16/05): Dow Jones Industrials (+0,78%), S&P 500 (+0,70%), Nasdaq Composite (+0,52%), Stoxx 600 (+0,42%), Ibovespa (-0,11%)

Assine a newsletter matinal Breakfast, uma seleção da Bloomberg Línea com os temas de destaque em negócios e finanças no Brasil e no mundo.

-- Com informações da Bloomberg News.

Veja mais em bloomberg.com

©2024 Bloomberg L.P.