Países da América Latina ampliam investimento no exterior em 47% em 2024

Saídas de investimento estrangeiro direto (IED) chegaram a US$ 53 bilhões e foram impulsionadas pelo Brasil, segundo relatório da Cepal, com quase metade do total; México teve o maior crescimento

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Bloomberg Línea — As saídas de investimento estrangeiro direto (IED) a partir dos países da América Latina aumentaram 47% em 2024, para um total de US$ 53,033 bilhões, de acordo com dados da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) divulgados em 17 de julho.

No ano passado, o Brasil foi o maior investidor latino-americano no exterior, com US$ 24,3 bilhões, representando 46% do total.

No entanto, a maior economia da América Latina registrou um leve declínio no IED externo (3%).

O México foi o segundo maior investidor estrangeiro da América Latina e apresentou o maior crescimento entre os mercados analisados, atingindo US$ 13,3 bilhões em 2024.

A Colômbia ficou em terceiro lugar, com um investimento externo de US$ 4,6 bilhões, enquanto o Chile (US$ 3,6 bilhões) e a Argentina (US$ 2,8 bilhões) tiveram investimentos externos menores.

Juntos, esses cinco países foram responsáveis por 92% do total de IED externo da região, de acordo com a Cepal.

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O investimento anunciado pela empresa chilena CPMC para construir uma nova fábrica de US$ 4,6 bilhões no Brasil foi o maior negócio do ano.

O relatório mostra que as empresas mexicanas foram particularmente ativas, graças aos anúncios feitos pelo Grupo PISA, Grupo Bimbo e Arca Continental.

E no setor de produtos de consumo, grande parte do crescimento foi impulsionado pela expansão do Mercado Livre, da Argentina, e da Falabella, do Chile.

“Esses números mostram que a região é uma receptora líquida de capital na forma de IED, com apenas alguns países investindo quantias significativas no exterior”, dizem os pesquisadores da Cepal no relatório.

Entretanto, a Cepal indica que, em uma perspectiva de médio prazo, as saídas de investimento da região em 2024 foram 15% maiores do que a média da década de 2010.

Portanto, se essa tendência continuar, “as atividades latinas no exterior poderão começar a gerar retornos mais altos para seus países de origem”.

Esses benefícios se refletiriam não apenas na forma de ganhos em moeda estrangeira com a repatriação de lucros gerados no exterior, mas também por meio das oportunidades que poderiam surgir para a abertura de mercados e a criação de redes de distribuição para outras empresas da região.

Dinâmica de investimento externo

De acordo com o relatório, dos investimentos estrangeiros que saem da América Latina, a maior parte está concentrada em setores como papel, impressão e embalagem (34%); alimentos e bebidas (15%) e produtos de consumo (12%).

Isso representou 60% do valor total anunciado em 2024.

Além disso, há também uma dinâmica importante no setor de alimentos e bebidas, que em 2024 ultrapassou US$ 2 bilhões.

A maioria dos investimentos deve como destino outros países da própria região. Do valor total dos projetos de IED anunciados, 72% dos projetos de IED anunciados foram para outro país latino-americano.

“O Brasil foi um mercado particularmente atraente para as empresas translatinas, pois foi o destino de 49% dos anúncios em valor”, de acordo os pesquisadores da Cepal.

Depois desses projetos regionais, a América do Norte foi o segundo destino desses investimentos (15%), seguida da África e do Oriente Médio (4%), da União Europeia (3%), entre outros.

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