Bloomberg Línea — Um dos fotógrafos mais importantes da história do Brasil e o mundo, Sebastião Salgado morreu nesta sexta-feira (23) aos 81 anos em Paris. A informação foi confirmada pelo Instituto Terra em suas redes sociais.
“Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora”, publicou o Instituto.
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Segundo a Folha de S.Paulo, ele enfrentava problemas decorrentes de malária desde os anos 1990, relatou um amigo próximo. O jornal diz que o fotógrafo estava abatido em uma aparição recente para a abertura de uma mostra na França.
Economista, Salgado começou sua relação com a fotografia nos anos 1970 enquanto fazia uma expedição em plantações de café na África. Em seguida trabalhou para agências de notícias e se tornou um dos mais famosos fotógrafos do mundo, com exposições em mais de cem países.
Alguns dos seus projetos mais conhecidos, como “Trabalhadores”, “Gênesis” e “Êxodos” marcaram a história da fotografia mundial.
Além de fotógrafo, ele atuava desde o final dos anos 1990 no Instituto Terra, que atua pelo reflorestamento da Floresta Amazônica.
Junto com sua esposa, ele plantou uma floresta na antiga fazenda dos seus pais, criando um parque nacional com 3 milhões de árvores.
Relação com a Amazônia
Salgado passou nove anos na Floresta Amazônica documentando a vida de comunidades tradicionais e o bioma que habitam o espaço. Sua exposição “Amazônia” passou pelas principais capitais do mundo.
Durante a estreia no Museu da Ciência de Londres, ele deu uma entrevista à Bloomberg News sobre seu trabalho, quando se apresentou como “um ex-economista” e falou sobre o modelo econômico de exploração da natureza.
“Qual é o preço para destruir a floresta amazônica? É o preço que um dia será necessário para reconstruir a floresta. Custa muito dinheiro reconstruir uma floresta. Essa floresta tem um preço: um preço enorme. A floresta amazônica é provavelmente a maior concentração de capital do planeta”, disse.
Segundo ele, o modelo econômico que se aplica na Amazônia não seria exatamente o mesmo aplicado na África ou na Ásia.
“Destruímos ecossistemas para colocar em prática nossos projetos econômicos. Mas não acredito que nossos projetos econômicos sejam racionais. Eles são completamente estúpidos”, disse.
“Não podemos destruir mais. A natureza é capaz de se reconstruir muito rápido se pararmos a destruição da floresta tropical. Todos nós devemos ter um pouco mais de humildade para considerar o planeta”, disse.
Segundo Salgado, as imagens de destruição da floresta eram muito exploradas internacionalmente, mas era importante mostrar também o que ele chamava de “Amazônia intocada”.
“Acredito que devemos mostrar esse caminho para que as pessoas entendam o que é a Amazônia, quais são as dimensões e como é a vida dos índios que lá vivem.”
- Com informações da Bloomberg News.