Bloomberg — O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu para 0,24% em junho, segundo informações divulgadas nesta quinta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os dados oficiais mostraram que os preços ao consumidor aceleraram para 5,35% em junho em relação a um ano atrás, acima da estimativa mediana de 5,30% dos economistas consultados pela Bloomberg.
“Com alta de 6,93% no primeiro semestre do ano, a energia elétrica residencial tem pesado no bolso das famílias, registrando o principal impacto positivo individual (0,27 p.p.) no resultado acumulado de 2025. Esta variação é a maior para um primeiro semestre desde 2018, quando foi de 8,02%”, disse, em nota, Fernando Gonçalves, gerente do IPCA.
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Os diretores do banco central, liderados por Gabriel Galipolo, elevaram a taxa de referência Selic para 15% em junho, o maior nível em quase duas décadas, e indicaram que iriam interromper uma campanha de aperto monetário que já durava meses.
Os esforços para manter a inflação sob controle, no entanto, estão sendo complicados por um mercado de trabalho aquecido e níveis elevados de gastos públicos que estão alimentando as pressões sobre os preços.
No início do ano, o governo brasileiro adotou uma meta contínua de 3% para a inflação anual, com uma faixa de tolerância de mais ou menos 1,5 ponto percentual.
O novo sistema exige que o banco central forneça uma explicação pública quando não atingir sua meta por seis meses, bem como um horizonte esperado para que os aumentos de preços convirjam para a meta.
Embora o banco central tenha patinado com frequência em atingir sua meta de inflação nos últimos anos, a última falha aumenta a lista de desafios enfrentados por Galipolo, um aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que assumiu o comando da instituição em janeiro.
O economista de 43 anos adotou uma postura agressiva em relação aos aumentos do custo de vida, apesar da preocupação dos círculos financeiros de que o banco reduziria os custos dos empréstimos para estimular o crescimento sob sua liderança.
É provável que a determinação de Galipolo em esfriar os preços seja testada ainda mais à medida que Lula, como o presidente esquerdista universalmente conhecido, se prepara para uma dura luta pela reeleição no próximo ano.
Os analistas dizem que os mercados ficarão atentos à explicação sobre a inflação emitida pela diretoria do banco central, conhecida como Copom, para obter uma indicação de seus planos, já que as previsões de aumento de preços permanecem elevadas no futuro próximo.
“As principais coisas que os investidores estarão procurando são a linguagem e os sinais claros de que o Copom está levando a sério a luta contra a inflação”, disse William Jackson, economista-chefe de mercados emergentes da Capital Economics.
--Com a ajuda de Giovanna Serafim.
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