Bloomberg — A inflação anual do Brasil desacelerou, embora tenha permanecido acima da meta no início de maio, com o Banco Central insistindo em seus planos de manter a taxa de juros alta por mais tempo para controlar as pressões sobre os preços.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que mede a prévia da inflação oficial, ficou em 0,36% em maio. A taxa é inferior às observadas nas prévias do mês anterior (0,43%) e de maio de 2024 (0,44%).
Os dados oficiais divulgados na terça-feira (27) mostraram que os preços ao consumidor subiram 5,4% em relação ao ano anterior, abaixo de todas as estimativas de uma pesquisa da Bloomberg com analistas, cuja mediana da previsão era de 5,49%. No mês, a inflação também ficou abaixo de todas as previsões.
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O Banco Central aumentou os custos dos empréstimos em 4,25 pontos percentuais desde setembro do ano passado, uma vez que as previsões de inflação subiram acima da meta de 3%.
Agora, os investidores estão atentos a pistas que possam indicar se haverá ou não outro aumento da taxa de juros na próxima decisão, em junho. Embora a economia doméstica tenha se mantido forte, espera-se que um aumento recente no imposto sobre transações financeiras torne as condições do mercado ainda mais restritivas.
“De modo geral, essa foi uma boa leitura após uma série de relatórios ruins”, disse Flavio Serrano, economista-chefe do BMG, sobre os dados de inflação.
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Os swaps de taxas de juros com contratos com vencimento em janeiro de 2027, que são um indicador do sentimento do mercado em relação à política monetária, caíram mais de 13 pontos-base nas negociações da manhã, já que os investidores reagiram à leitura de preços melhor do que a esperada.
Alimentos e transportes
Os alimentos e bebidas subiram 0,39% em meados de maio em relação ao mês anterior, abaixo do aumento de 1,14% registrado em meados de abril, de acordo com o IBGE. Os custos de transporte caíram 0,29% durante o período.
Por outro lado, os preços dos serviços de saúde subiram 0,91%, enquanto os preços das moradias aumentaram 0,67%.
Em 7 de maio, o Banco Central elevou a Selic para 14,75% - o nível mais alto em quase duas décadas - mas deu poucas indicações sobre seu próximo passo.
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Com a economia global abalada pelas tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o presidente do Banco Central, Gabriel Galipolo, enfatizou que a instituição não deve fazer movimentos bruscos.
“Estamos cientes de que, desta vez, precisamos manter essa taxa de juros por mais tempo em um nível restritivo”, disse ele em 19 de maio.
A atividade econômica do Brasil cresceu 0,8% em março, de acordo com os números publicados pelo banco central na semana passada, o dobro da mediana de 0,4% prevista pelos analistas em uma pesquisa da Bloomberg. O IBGE publicará seu relatório sobre o produto interno bruto durante o primeiro trimestre nesta sexta-feira.
--Com a ajuda de Giovanna Serafim e Josué Leonel.
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