Raízen desativa operação da Usina Santa Elisa e vende ativos de cana à São Martinho

Transação de R$ 242 milhões amplia a capacidade de moagem da planta da São Martinho e ocorre em meio à reestruturação do portfólio da Raízen

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Bloomberg Línea — A São Martinho (SMTO3) adquiriu parte dos ativos biológicos da Raízen Energia (RAIZ4) relacionados à Usina Santa Elisa, por cerca de R$ 242 milhões, informou a empresa produtora de açúcar e etanol nesta terça-feira (15).

A operação ocorre após a Raízen ter decidido desativar as operações da Usina Santa Elisa, em Sertãozinho, no interior de São Paulo, por tempo indeterminado.

A decisão faz parte de uma estratégia da Raízen, que tem priorizado a “reciclagem do portfólio de ativos para captura de eficiência agroindustrial”, segundo fato relevante da companhia enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta terça.

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Como parte da decisão, a Raízen Energia firmou contratos para a venda de até 3,6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar da Usina Santa Elisa por aproximadamente R$ 1 bilhão, dos quais R$ 242 milhões correspondem à fatia adquirida pela São Martinho.

O valor será pago à vista no fechamento da operação.

Além da São Martinho, a Usina Alta Mogiana, Usina Bazan, Usina Batatais, Pitangueiras e Viralcool também firmaram contratos de compra de cana com a companhia.

Do lado da São Martinho, a compra envolve cerca de 10.600 hectares de cana-de-açúcar, dos quais 80% são de cana própria e 20% de terceiros, localizados num raio de 25 km da unidade da companhia em Pradópolis (SP).

Além disso, a aquisição da São Martinho amplia o abastecimento da sua planta de Pradópolis, já que a produção adicional será processada na própria unidade da São Martinho, que tem capacidade de moagem de 50 mil toneladas de cana por dia.

Os contratos relacionados às áreas de cultivo da Raízen serão reunidos em uma nova sociedade (Newco), que posteriormente será transferida para a São Martinho.

Segundo fato relevante da São Martinho enviado à CVM, a empresa estima que o volume cultivado nas áreas adquiridas alcance 600 mil toneladas na safra 2026/27 e 800 mil toneladas a partir da safra 2028/29.

O acordo, que não exige novos investimentos industriais ou agrícolas, ainda está sujeito à aprovação do Cade.

Em relatório divulgado nesta terça-feira (15), os analistas do Itaú BBA consideraram a transação ‘positiva’.

“A transação está alinhada à estratégia da empresa [a Raízen] de reciclagem do portfólio de ativos, redução da dívida e melhoria da eficiência agroindustrial. O múltiplo implícito de aproximadamente USD 53/ton está acima da média das transações anteriores, mas apresenta especificidades por se referir apenas à desmobilização do ativo biológico", escreveram os analistas.

Os papéis da Raízen recuavam 0,65% por volta das 12h40, no horário de Brasília. No ano, as ações acumulam queda de 28%. No caso da São Martinho, as ações subiam 2% no mesmo horário. No acumulado do ano, o recuo é de 24%.

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