BTG Pactual planeja entrar em empréstimo sindicalizado nos EUA, diz head de crédito

Tais empréstimos permitem ‘participar do fluxo de negócios que outros bancos trazem’, diz Rogério Stallone, sócio responsável por crédito corporativo, em entrevista à Bloomberg News

Sede do BTG Pactual na Faria Lima, em São Paulo (Divulgação)
Por Cristiane Lucchesi
04 de Setembro, 2024 | 10:32 AM

Bloomberg — O BTG Pactual (BPAC11), o maior banco de investimento independente da América Latina, planeja entrar no mercado de empréstimos sindicalizados dos Estados Unidos após ter anunciado a compra de um banco em Nova York em junho.

“Os EUA são o maior mercado de crédito do mundo e precisamos estar lá”, disse Rogério Stallone, sócio do BTG responsável por crédito corporativo, em uma entrevista à Bloomberg News.

Os empréstimos sindicalizados são um bom ponto de entrada porque permitem que o banco “participe do fluxo de negócios que outros bancos nos trazem e comece a entender melhor as peculiaridades da região”.

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Com uma carteira de empréstimos de cerca de R$ 195 bilhões, o BTG começou o negócio de empréstimos sindicalizados há cerca de dois anos, contratando o veterano Ernesto Meyer, ex-BNP Paribas.

Desde então, ele liderou 11 transações que totalizaram US$ 2,5 bilhões, levou empresas latino-americanas de médio porte ao mercado e atraiu novos bancos para a região.

Entre as transações mais inovadoras estava um empréstimo que incluía uma parcela denominada em renminbi. O BTG também começou a negociar empréstimos no mercado secundário – uma raridade para bancos brasileiros.

“Queremos continuar aumentando nossa carteira de empréstimos de forma mais diversificada e alcançar mais empresas e mais geografias e oferecer novos produtos”, disse Stallone.

Compra do M.Y. Safra Bank

O BTG disse em junho que assinou um acordo definitivo para adquirir o M.Y. Safra Bank, sediado em Nova York. O banco, que não tem vínculos com o J. Safra Group, tinha uma carteira de empréstimos no final de março que totalizava US$ 275 milhões.

Espera-se que a aquisição ajude a reduzir o custo de financiamento do BTG nos EUA, semelhante ao impacto da compra do FIS Privatbank em Luxemburgo no ano passado. O negócio reduziu o custo de financiamento do BTG em euros em 30%, de acordo com Meyer.

“Esperamos o mesmo efeito nos EUA, algo que nos permitirá atingir uma gama maior de clientes por lá”, disse Meyer, que agora é diretor global de empréstimos sindicalizados do BTG.

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Com mais de 20 anos de experiência e passagens pelo JPMorgan (JPM), Deutsche e BNP, Meyer também é responsável por financiamentos para aquisição, financiamentos de projeto, financiamentos com alavancagem, entre outros.

Meyer disse que veio para o BTG “para começar a incomodar” o grupo de bancos líderes nos mercados de empréstimos sindicalizados globais.

Entre as transações que o BTG liderou neste ano está um empréstimo de US$ 510 milhões para a produtora brasileira de celulose e papel Bracell, que incluiu parcelas em renminbi, reais e dólares. Dois bancos de Taiwan participaram pela primeira vez de empréstimos na América Latina: o Banco SinoPac e o Taishin International Bank.

Presença global

As empresas brasileiras ainda representam 75% do portfólio total de empréstimos do BTG, com 5% da Europa e o restante de outras nações latino-americanas. O banco também negociou cerca de 1 bilhão de euros em transações nos mercados secundários europeus nos últimos 90 dias.

O BTG tem escritórios em Madri, Lisboa, Londres e Riad, bem como uma corretora nos EUA e negócios de gestão de patrimônio em cidades como Miami. Na América Latina, o BTG tem um banco no Chile e na Colômbia e uma presença local na Argentina, no México e no Peru.

Na Europa, o BTG foi um dos coordenadores em um empréstimo de 640 milhões de euros para a espanhola Aleatica, que foi concluído com uma tranche no Chile equivalente a 60 milhões de euros.

E o BTG acaba de lançar no mercado como coordenador líder um empréstimo de R$ 750 milhões para a Addiante, uma joint venture entre a Gerdau (GGBR4) e a Randon (RAPT4).

Na Colômbia, o BTG foi o banco líder em um refinanciamento de US$ 50 milhões para o Parque Arauco, enquanto no Brasil foi responsável pelo empréstimo de R$ 500 milhões para a rede de hambúrgueres Madero, que acabou com demanda maior do que a oferta.

O BTG também acaba de lançar um empréstimo de R$ 170 milhões para a rede de sorveterias Bacio di Latte Gelato.

“Nós temos introduzido com sucesso muitas transações de empresas médias, já que muitos bancos estrangeiros tentam trabalhar com companhias com um pouco mais de risco de crédito, embora alguns ainda enfrentem resistência interna”, disse Meyer.

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