Mercados retornam de feriado nos EUA com cautela e olhar dirigido a China e Fed

Investidores são mais prudentes quanto à exposição ao risco após os ganhos acumulados no trimestre e esperam novos sinais de Powell depois da pausa no aperto monetário

Estes são os eventos que orientam os investidores hoje
Por Bianca Ribeiro - Michelly Teixeira
20 de Junho, 2023 | 06:24 AM
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Barcelona, Espanha — As preocupações com o baixo crescimento da economia chinesa impõem cautela nos mercados, ante os riscos de seu efeito para o desempenho de empresas. Os investidores retornam do feriado nos Estados Unidos avaliando também quanto espaço que resta para o rali acionário deste segundo trimestre. A expectativa em relação à comunicação de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), que apresentará seu relatório semestral ao Congresso na quarta-feira (21) também pesa sobre os negócios.

Os futuros de índices dos Estados Unidos operavam em queda, já as bolsas europeias registram sinais opostos e volatilidade. No mercado asiático, o fechamento foi desigual, com pequeno avanço da bolsa japonesa Nikkei e perdas nos índices chineses.

Na Europa, as ações da empresa químicas Lanxess AG caíram até 15% com um aviso de lucro menor, arrastando as ações de pares como a BASF SE, para baixo.

No mercado de dívida, o prêmio do título norte-americano para 10 anos subia para 3,797% às 6h24 (horário de Brasília). O dólar e o euro se apreciavam ante outras divisas, enquanto a libra depreciava.

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Os contratos de petróleo WTI recuavam, na mesma direção que o ouro, e o bitcoin subia.

→ O que move os mercados hoje

👔 Troca de comando. A Alibaba (BABA) decidiu substituir seu líder veterano Daniel Zhang colocando o vice-presidente executivo Joseph Tsai, confidente de longa data do cofundador Jack Ma, como presidente do conselho e Eddie Wu, atual presidente das divisões de comércio online Taobao e Tmall do Alibaba, no cargo de executivo-chefe do grupo. As ações da empresa fecharam em queda em Hong Kong.

🤖 Visão dominante. Em sua primeira manifestação pública em sete meses, Masayoshi Son, fundador do SoftBank Group, disse que a empresa está em posição de vencer a corrida para dominar a inteligência artificial (IA), graças a seus bilhões de dólares em investimentos em tecnologia. “O SoftBank Group não será dissuadido por algumas perdas de curto prazo. Nós governaremos o mundo no final.”

🏦 Legado de multas. O UBS Group AG (UBS) pode enfrentar mais de US$400 milhões em multas após investigações de reguladores da Suíça, dos EUA e do Reino Unido sobre as negociações do Credit Suisse (CS) com a Archegos Capital, informou o Financial Times. O UBS pediu aos reguladores que as informações sejam divulgadas no final de julho.

🛞 Reviravolta. Carlos Ghosn, ex-chefe da Nissan Motor Co., processou a montadora japonesa e várias pessoas relacionadas por demiti-lo em 2018 e orquestrar sua prisão por suposta má conduta financeira. Ele demanda mais de US$1 bilhão por “danos profundos” em suas finanças e reputação e apresentou sua queixa ao promotor público no Tribunal de Cassação do Líbano, onde vive desde 2019, quando fugiu do Japão para escapar do julgamento.

📞 Tele a venda. A Telecom Italia SpA estaria perto de uma negociação avançada com a norte-americana KKR & Co. (KKR) para a venda de sua rede por US$25 bilhões, segundo fontes da Bloomberg. A empresa também avalia proposta do credor estatal italiano Cassa Depositi e Prestiti e espera ter uma conclusão na próxima quinta-feira (22).

🚘 Metas da Ampere. Enquanto prepara o IPO da Ampere, sua divisão de carros elétricos, a Renault estabeleceu como meta que a empresa alcance o ponto de equilíbrio operacional já em 2025, com uma taxa de crescimento anual composta de 30% até 2030. No meio do caminho, há a redução de preços da Tesla (TSLA) no mercado europeu, que pode atrapalhar a demanda por seu modelo Megane E-Tech totalmente elétrico.

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💬 Diálogo restabelecido. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que sua viagem a Pequim cumpriu o objetivo de restaurar a comunicação de alto nível entre os dois países. O presidente Xi Jinping qualificou como “muito bom” o encontro, que terminou com a promessa de mais conversas e um plano para que o chanceler chinês, Qin Gang, visite Washington nos próximos meses.

🔋 Novas plantas de lítio. Em mais um lance pela corrida global pelo lítio, um consórcio chinês liderado pela Contemporary Amperex Technology Co. planeja gastar US$1,4 bilhão para construir na Bolívia duas fábricas de extração do minério essencial para baterias. Uma delas será em Uyuni e o investimento pode avançar para US$9,92 bilhões, segundo a empresa.

🪖 Suporte europeu. A União Europeia deve anunciar ainda hoje um pacote de ajuda à Ucrânia de cerca de US$55 bilhões. O montante deve apoiar o país na retomada de territórios invadidos pela Rússia e pagar prioridades urgentes de reconstrução, segundo pessoas consultadas pela Bloomberg.

Os mercados esta manhã

🟢 As bolsas ontem (19/06): Dow Jones Industrials (--), S&P 500 (--), Nasdaq Composite (--), Stoxx 600 (-1,02%), Ibovespa (+0,93%)

Em dia de liquidez reduzida por causa de feriado nos EUA, a bolsa brasileira voltou a ser dominada pelo sentimento positivo de investidores com a esperada redução da taxa de juros no segundo semestre, ainda que para o encontro de hoje e amanhã do Copom não se espere surpresa.

Saiba mais sobre o vaivém dos Mercados e se inscreva no After Hours, a newsletter vespertina da Bloomberg Línea com o resumo do fechamento dos mercados.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

Feriado: Argentina

EUA: Licenças de Construção/Mai, Construção de Casas Novas/Mai

Europa: Zona do Euro (Transações Correntes/Abr, Produção do Setor de Construção/Abr); Alemanha (IPP/Mai)

Ásia: Japão (Produção Industrial/Abr, Utilização da Capacidade Instalada/Abr); Hong Kong (IPC/Mai)

América Latina: México (Vendas no Varejo/Abr)

Bancos centrais: Discurso de James Bullard, John Williams (Fed), Luis de Guindos (BCE), Ata da Reunião de Política Monetária (BoJ)

🗓️ Os eventos de destaque na semana →

(Com informações da Bloomberg News)

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Bianca Ribeiro

Bianca Ribeiro

Jornalista especializada em economia e finanças, com passagem por redações e veículos focados em economia, como Valor Econômico, Agência Estado e Folha de S.Paulo.

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.