Bloomberg — Uma nova onda de vendas atingiu toda a curva do Tesouro, com dados da indústria dos Estados Unidos oferecendo pouco conforto no que diz respeito à inflação e uma série de empresas considerando a venda de títulos antes da decisão do Federal Reserve desta semana.
Enquanto Wall Street se prepara para o 10º aumento consecutivo de juros do Fed desde março do ano passado, cerca de 10 emissores estão pensando em avançar com vendas de dívida no mercado primário de grau de investimento dos EUA nesta segunda-feira (1).
Prevê-se que os mutuários se acumulem durante as próximas semanas, à medida que mais empresas divulguem seus resultados, com a Meta Platforms (META) supostamente buscando levantar US$ 7 bilhões.
Essas ofertas tendem a representar um golpe duplo para os títulos do Tesouro, que barateariam em meio à concorrência de novas dívidas e à medida que os subscritores vendem notas do governo para bloquear a emissão para compradores corporativos.
Outro fator que está puxando para baixo os preços dos títulos nesta segunda é a estabilização do sentimento depois que o JPMorgan (JPM) decidiu comprar o banco regional First Republic Bank.
Para Krishna Guha, da Evercore, o movimento das bolsas nesta segunda sugere que não há surpresas e que o mercado está disposto a distinguir entre o First Republic e outras empresas financeiras.
Semana de decisão de juros
“A ação decisiva dos reguladores abre caminho para o Fed avançar e aumentar as taxas em sua reunião de maio”, observou Guha. “Nosso cenário base é que a economia esfria a partir daqui, que o Fed não aumentará mais os juros depois de maio e que o próximo movimento será um corte em dezembro.”
Os traders de swap aumentaram ligeiramente as apostas de o Fed subir sua taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual na quarta-feira (3). O rendimento dos títulos de dois anos subiu 16 pontos base para 4,16% nesta segunda-feira, enquanto o do papel de 10 anos subiu para cerca de 3,5%.
Na renda variável, as ações operavam entre perdas e ganhos após dois meses consecutivos de alta, com os traders continuando a analisar uma série de resultados corporativos.
Por volta das 16h30 (horário de Brasília), o Dow Jones caía 0,08%, o S&P 500, 0,01%, enquanto o Nasdaq 100, com grande exposição ao setor de tecnologia, tinha queda de 0,11%. No Brasil, a bolsa está fechada para negociações por conta do feriado de Dia do Trabalhador.
Para Michael Wilson, do Morgan Stanley (MS), os investidores de ações que esperam que o Fed corte as taxas no segundo semestre podem ficar desapontados no final desta semana. “Se a mensagem transmitida nesta reunião for mais agressiva, pode ser uma surpresa negativa de curto prazo para as ações”, escreveu Wilson em nota.
Andrew Brenner, da NatAlliance Securities, diz que a pergunta que os investidores precisarão fazer a si mesmos após o discurso de Powell é se haverá uma pausa depois de quarta-feira – e se seria uma “pausa hawkish ou uma pausa de verdade”.
“O Fed dirá aos mercados que não há expectativa de taxas mais baixas no final do ano, mas os mercados não acreditarão nele, já que as perspectivas e previsões de longo prazo do Fed foram terríveis”, observou Brenner. “Ainda vemos dois cortes de juros até janeiro.”
-- Com a colaboração de Michael Mackenzie, Vildana Hajric, Carly Wanna e Isabelle Lee.
-- Atualização às 16h30 (horário de Brasília)
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