Títulos da Alemanha atingem o maior rendimento em mais de 11 anos

Investidores apostam que o Banco Central Europeu vai continuar o aumento dos juros até 2024; taxa máxima prevista pelo mercado passou de 3,5% para 3,9% em algumas semanas

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Bloomberg — Investidores apostam pela primeira vez que o Banco Central Europeu (BCE) vai prolongar seu ciclo de aperto monetário até 2024, o que provocou uma onda de vendas de títulos alemães, um dos mais seguros do mundo, e elevou os rendimentos ao maior nível em mais de 11 anos.

Os preços no mercado mostram que os investidores apostaram brevemente que o BCE vai elevar a taxa de depósito para 3,9% em fevereiro de 2024. Apenas algumas semanas atrás, operadores do mercado monetário esperavam uma taxa máxima de cerca de 3,5% em julho deste ano.

O ajuste das expectativas foi desencadeado por uma série de fortes indicadores de inflação e crescimento da atividade econômica nos EUA. Para agravar ainda mais a tendência, autoridades do BCE prometeram continuar subindo os juros para desacelerar a inflação, que permanece muito acima da meta de 2%.

Dados a serem divulgados na quinta-feira devem mostrar que o núcleo da inflação na zona do euro se manteve em um recorde de 5,3% em fevereiro, de acordo com economistas consultados pela Bloomberg.

É muito provável que o BCE prossiga com sua intenção de elevar os juros em 0,5 ponto percentual quando se reunir em março, disse a presidente do BCE, Christine Lagarde, em entrevista ao Economic Times da Índia.

Os indicadores da atividade empresarial e do núcleo da inflação demonstram “resiliência contínua na economia europeia”, escreveram estrategistas do Goldman Sachs, entre eles George Cole, em nota aos clientes.

A equipe do Goldman prevê que os “yields” dos títulos alemães de 10 anos vão subir rumo à sua previsão de 2,75% nas próximas semanas. Esses rendimentos chegaram a subir 4 pontos-base nesta segunda-feira, para 2,58%, o maior nível desde 2011.

“O ônus está nas condições de empréstimo para empresas, famílias e negociações salariais em andamento, para mostrar que a economia europeia está de fato desacelerando o suficiente para trazer a inflação de volta à meta”, disseram os estrategistas do Goldman Sachs.

O BCE elevou a taxa básica em 300 pontos-base desde julho, para 2,5% neste mês.

--Com a colaboração de Alice Gledhill.

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