Pnad, balanço da Netflix e mais 3 assuntos do Brasil e do mundo

Confira os principais temas que vão ditar o sentimento dos mercados nesta quinta-feira (19)

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Bloomberg Línea — A quinta-feira (19) começa quente com a divulgação da taxa de desemprego no Brasil em novembro medida pela PNAD contínua.

Os investidores devem ficar de olho também nas repercussões da fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o Banco Central (BC) em entrevista na tarde de quarta-feira (18).

No cenário corporativo doméstico, a crise da Americanas (AMER3) continua a ser o destaque, com novos desdobramentos.

Nos Estados Unidos, discursos dos membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) preocupam os traders e aumentam os temores sobre uma possível recessão no país. Por lá, também acontece hoje a divulgação dos resultados da Netflix (NFLX).

Confira as notícias que devem movimentar os mercados nesta quinta-feira (19):

1. Desemprego

A taxa de desemprego do Brasil medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) contínua será divulgada nesta quinta às 9h (horário de Brasília), um dos primeiros índices econômicos importantes a serem divulgados em 2023.

A expectativa do mercado é de uma taxa de 8,1%, ante 8,3% registrados na divulgação anterior.

2. Falas de Lula

O presidente Lula, em entrevista à GloboNews, afirmou que a independência do Banco Central é uma “bobagem” e que a meta da inflação “atrapalha o crescimento da economia”.

Segundo o petista, “é uma bobagem achar que o presidente do Banco Central independente vai fazer mais do que fez o Banco Central quando o presidente era que indicava”.

“Eu duvido que esse presidente do Banco Central [Roberto Campos Neto] seja mais independente do que foi o [Henrique] Meirelles]. Duvido. Por que com um banco independente, a inflação está do jeito que está?”, continuou ele.

Já sobre a meta da inflação, Lula afirmou que é preciso, neste instante, “fazer a economia brasileira voltar a crescer”. “Você estabelecer uma meta de inflação de 3,7%, quando você faz isso, você é obrigado a arrochar mais a economia para poder atingir aqueles 3,7%”, afirmou.

Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, as falas ampliam os receios com relação ao próximo presidente do BC.

“Lula deixou claro que pensa que sustentabilidade fiscal é antagônica à política social, com um discurso oposto do que defende inclusive o seu ministro da Fazenda, sobre fiscalismo, reforma tributária e independência do Banco Central”, escreveu, em nota.

3. Mercados

Um “sell-off” se espalha pelos mercados globais nesta quinta, de ações japonesas a contratos de petróleo.

Sinais crescentes de uma desaceleração econômica global aumentam as preocupações de investidores de que a recuperação dos ativos de risco no início do ano possa ter ido longe demais.

Os índices futuros de ações dos Estados Unidos cediam cerca de 0,5% por volta das 8h (horário de Brasília), enquanto o índice Stoxx 600, da Europa, interrompeu um rali de seis dias.

Os ganhos impulsionados pelo otimismo com a reabertura econômica da China estão começando a desacelerar, à medida que a divulgação de dados sinaliza uma desaceleração decisiva no resto do mundo.

Dados dos Estados Unidos mostraram quedas na demanda do consumidor e no investimento empresarial, aumentando a probabilidade de uma recessão na maior economia do mundo. Isso, no entanto, não impediu os funcionários do Federal Reserve de reafirmar a necessidade de uma política monetária mais rígida.

Nesta quinta, destaque para a divulgação do balanço da Netflix, a primeira das gigantes de tecnologia dos EUA a abrir seus resultados do quarto trimestre.

No Brasil, os investidores seguem acompanhando a crise da Americanas. O desembargador Flávio Marcelo de Azevedo Horta Fernandes, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, atendeu a um pedido do BTG (BPAC11) e suspendeu parte da proteção judicial concedida à varejista na sexta-feira (13), pelo juiz Paulo Assed.

4. Manchetes do dia

Estadão: Risco de calote da Americanas após rombo pode tirar ao menos R$ 7 bilhões de bancos

Folha de S. Paulo: Lula busca desmilitarizar Planalto após recorde com Bolsonaro

O Globo: Lula trava nomeações de segundo escalão para negociar com partidos e desagrada a ministros

Valor Econômico: Um terço dos fundos de crédito tem perdas após crise das Americanas

5. Agenda

Em mais um dia de agenda cheia nos Estados Unidos, as divulgações começam com as licenças de construção referentes a dezembro, construção de novas casas, pedidos iniciais por seguro-desemprego, índice de atividade industrial do Fed Filadélfia e o relatório de empregos às 10h30, no horário de Brasília.

Às 13h, acontece a divulgação dos estoques de petróleo bruto e em cushing. O leilão de títulos de 20 anos acontece às 15h e, para fechar o dia nos EUA, Williams, do Fomc, discursa às 20h35.

Na zona do euro, Schnabel, do Banco Central Europeu (BCE), faz um pronunciamento às 14h, no horário de Brasília.

-- Com informações de Bloomberg News

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