Grande visão de Musk para o Twitter sofrerá maior teste na Ásia

Defesa ferrenha da liberdade de expressão e firme promessa de acabar com os bots da rede pode acabar sendo um obstáculo para a plataforma vigorar na região

Bilionário adquiriu Twitter por US$ 44 bilhões
Por Vlad Savov
02 de Maio, 2022 | 07:34 PM
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Bloomberg — Apesar de todo o furor em torno de qual rumo Elon Musk poderia dar ao discurso político americano após receber as chaves do Twitter (TWTR), seus maiores desafios podem surgir do outro lado do Pacífico.

A Ásia, lar de mais da metade da população mundial, é a maior oportunidade de crescimento do Twitter e, sem dúvida, um desafio muito mais espinhoso. Se o bilionário da Tesla (TSLA) e SpaceX cumprir suas promessas de acabar com a censura, ele encontrará uma infinidade de regulamentos desconcertantes, exercidos por governos às vezes autoritários, levados ao limite por uma horda de novos usuários de internet.

Como uma empresa de capital aberto, o Twitter enfatizou repetidamente que deve cumprir os regulamentos locais. Uma vez que se torne uma empresa de capital fechado, controlada pelo homem mais rico do mundo, Musk assumirá pessoalmente a responsabilidade de navegar por esse labirinto - e enfrentará as consequências se falhar.

“A Ásia tem potencial de decidir o sucesso ou o fracasso do novo Twitter”, disse JJ Rose, do centro de pesquisa apartidário Lowy Institute da Austrália. “Dependerá de como ele abordará isso.”

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Representantes do Twitter e Musk não responderam a pedidos de comentários.

China

O Twitter está oficialmente banido na China, mas o país ainda exigirá muita atenção de Musk. O fundador da Amazon (AMZN), Jeff Bezos, aludiu aos potenciais conflitos em um post logo após o acordo de Musk.

Um ponto óbvio é que a China é tremendamente importante para a Tesla, a principal fonte de riqueza de Musk. O bilionário certamente enfrentará pressões - implícitas ou explícitas - para ajustar as políticas do Twitter para agradar a Pequim.

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Como o maior mercado de veículos elétricos do mundo e fornecedor de baterias Tesla, a China é essencial para o crescimento saudável da peça central do império de negócios de Musk.

Uma questão premente é como o Twitter lida com os esforços da China para espalhar propaganda globalmente na plataforma.

Bots são outra questão. A China também usou contas automatizadas e anônimas para distribuir as mensagens do governo, o que levou o Twitter a remover mais de 170 mil contas em 2020 para “divulgar narrativas geopolíticas favoráveis ao Partido Comunista”. Musk prometeu “derrotar os bots de spam ou morrer tentando!”

Pequim já mostrou disposição de punir bilionários que não cumprem seus desígnios. Reguladores castigaram fortemente os gigantes de tecnologia do país e, em particular, o cofundador do Alibaba (BABA), Jack Ma.

Índia

A Índia é outro mercado de alto risco para o Twitter: há meio bilhão de usuários de internet no país e outro meio bilhão entrando online.

O Twitter desempenha um papel no discurso online da Índia semelhante ao dos Estados Unidos: os líderes políticos do país o usam para divulgar suas mensagens, que são então retransmitidas pela TV e pelas redes de notícias.

Mas o governo de Nova Déli insiste em muito mais controle do que Washington jamais conseguiu exercer. As tensões no relacionamento aumentaram durante os protestos de agricultores no país em 2020 e 2021.

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Quando grupos de agricultores exigiram a revogação de certas leis que diziam favorecer fazendas administradas por empresas, eles foram às ruas e às mídias sociais para defender seu caso, incluindo o Twitter.

O governo insistiu que a empresa com sede em São Francisco retirasse postagens críticas de suas ações - e o Twitter inicialmente se recusou a obedecer. As autoridades indianas ameaçaram prender os executivos da empresa, o que levou o Twitter a suspender permanentemente mais de 500 contas e bloquear o acesso a outras centenas.

Sudeste da Ásia

O Sudeste Asiático tornou-se um dos mercados de internet de mais rápido crescimento.

Mas os mercados em desenvolvimento vêm com seu próprio conjunto de problemas. A Meta nomeia Filipinas, Vietnã e Indonésia como fontes proeminentes de contas falsas e duplicadas.

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A liberdade de expressão também esbarra nas leis locais nesta região. Singapura passou um lei contenciosa de “interferência estrangeira” no ano passado, concedendo-lhe poderes para exigir informações de usuários de redes sociais, em um esforço para impedir que pessoas de fora influenciem a política doméstica.

Isso se encaixaria com a ambição de Musk de livre expressão?

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