Finanças Descentralizadas ganham corpo no mercado

Crescimento das DeFi e seus benefícios não podem mais ser ignorados, avalia analista do Mercado Bitcoin

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Tempo de leitura: 3 minutos

Por Gino Matos para Mercado Bitcoin

São Paulo — O ambiente de finanças descentralizadas (DeFi, na sigla em inglês) tem como principal vantagem a dispensa de intermediários no acesso a serviços financeiros, permitindo que mais pessoas se beneficiem deles. A ideia de DeFi, no entanto, tem ido além do varejo e chamado a atenção de governos e empresas.

Reconhecimento governamental

O tamanho do ecossistema descentralizado pode ser medido por meio do valor total alocado nesse mercado, via aplicações, conhecido pela sigla em inglês TVL (Total Value Locked). Entre janeiro de 2021 e abril de 2022, o TVL de DeFi saltou de US$ 18,06 bilhões para US$ 213,77 bilhões, nos dados da plataforma Defi Llama. O avanço foi de 1.083%.

“Esse modelo econômico [de finanças descentralizadas] traz a clareza de que não é mais possível ignorá-lo, mesmo que não seja dada ainda a devida importância a ele”, diz Humberto Andrade, trader no Mercado Bitcoin. Para Andrade, um foco maior é direcionado aos riscos desse setor, enquanto seus benefícios são deixados em segundo plano.

A opinião de governos e empresas, no entanto, parece estar mudando. O projeto de digitalização do real, o Real Digital, é um bom exemplo. O Banco Central anunciou que a proposta terá a participação de empresas centralizadas do mercado cripto, como o Mercado Bitcoin, mas também abriu espaço para uma plataforma descentralizada. Trata-se da Aave.

Aave é uma aplicação em finanças descentralizadas focada em empréstimos, sem intermediários. É possível fornecer liquidez a um ativo assim como são oferecidos empréstimos sem agenciadores. Andrade avalia que o Real Digital é uma ótima oportunidade de apresentar plataformas como a Aave ao público. “Estou ansioso e animado para ver como isso vai acontecer”, diz o analista.

Não é a primeira vez que a Aave é bem-recebida por órgãos governamentais. Em julho de 2020, a plataforma recebeu uma licença de dinheiro eletrônico da Autoridade de Conduta Financeira (FCA, na sigla em inglês), o regulador do Reino Unido, indicando que a descentralização já marca presença nessa esfera há quase dois anos.

Aplicações empresariais

No mês passado, a Tesla, maior fabricante de carros elétricos do mundo, financiou a compra de um terreno avaliado em US$ 7,8 milhões. A notícia surpreendeu, uma vez que a área, que será usada para a construção de um centro de reparo da Tesla, teve seu financiamento feito por meio de um serviço de DeFi.

A 6s Capital auxiliou a Tesla na compra, utilizando a stablecoin DAI. Cada unidade de DAI tem o valor pareado ao dólar, ou seja, 1 DAI equivale a US$ 1. A stablecoin é emitida pelo protocolo MakerDAO, organização descentralizada autônoma que fornece os tokens à 6s Capital. Já existe previsão para outra parceria de financiamento entre as duas empresas, ampliando a linha de crédito para US$ 14,2 milhões.

A Aave também foi procurada por grandes instituições. Como resultado, a plataforma Aave Pro foi criada para conceder empréstimos a empresas. A diferença da plataforma aberta ao varejo é a necessidade de identificação. Em janeiro deste ano, 30 instituições já estavam utilizando os serviços da Aave Pro, entre elas as gestoras Galaxy Digital, SEBA e CoinShares.

“O universo DeFi é muito extenso e existem diversas oportunidades para utilização de protocolos, seja por pessoas físicas ou jurídicas”, comenta Andrade. “O protocolo Anchor é um exemplo. Ele permite ganho de liquidez por meio do token UST, gerando renda passiva ao investidor.”

Convivência harmoniosa

A união entre organizações centralizadas e descentralizadas levanta a dúvida sobre a possibilidade de convivência entre esses dois mundos. Andrade vê espaço para ambos os modelos no mercado financeiro. “A descentralização não será algo mandatório, sendo sempre uma opção. A questão é que algumas aplicações financeiras funcionarão melhor de maneira descentralizada e terão como clientes as instituições centralizadas.”

Sobre as organizações autônomas descentralizadas, conhecidas pela sigla em inglês DAO, Andrade diz que ainda é cedo para saber se elas substituirão modelos centralizados. O que é certo, avalia, é a entrada progressiva da descentralização na vida das pessoas.

“Vejo que questões do nosso dia a dia serão cada vez mais geridas de forma descentralizada. Nós, assumindo o papel de consumidores, não saberemos sequer qual o modelo de governança e demais detalhes técnicos de um produto, só se quisermos. Cada vez mais a descentralização fará parte da nossa vida de maneira orgânica e construtiva.”

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