Metaverso e o impacto nas relações sociais

Especialistas falam da nova forma de interação entre as pessoas e dos possíveis efeitos produzidos por ela no comportamento humano na vida real

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Por Matheus Mans para Mercado Bitcoin

São Paulo – A tecnologia do metaverso, que permite a criação de uma ‘nova realidade’, um novo espaço de convivência, digital, pode transformar as relações sociais. Basta um clique para que amigos ‘se encontrem’ nesse ambiente. Sem falar da possibilidade de ir a festas ou shows, exposições em um espaço quase sem barreiras, em que as fronteiras são borrões sem importância.

Essa extensão do mundo real “terá impacto nas relações sociais”, afirma Dani Costa, especialista em desenvolvimento humano e idealizadora da Plataforma da Vida, portal de conteúdo e serviços voltados para o autoconhecimento e a gestão emocional.

“É um ambiente que vai promover a criação de avatares e hologramas, propor novas formas de relacionamento e de consumo. Isso, de alguma forma, acaba impactando nas relações e no comportamento humano”, diz.

Percepção em xeque

Especialistas apontam que a imersão nesse espaço social pode transformar a percepção das pessoas. Recentemente, um exemplo extremo disso foi o de Ryan Trahan, produtor de conteúdo americano que tentou passar 50 horas no metaverso, fazendo com que todas suas relações acontecessem única e exclusivamente no ambiente digital.

Ele fez um amigo, deu festas, pilotou carros, conheceu vários países. Só que, no final da experiência, além de sentir solidão, resolveu encontrar esse amigo em um McDonald ‘s no mundo físico. A experiência digital não bastou.

“Quando se trata da mente humana, ela é semântica e metafórica. É constituída de histórias. Tudo o que passar no ambiente do metaverso irá reverberar na mente humana nas novas formas de pensar e interagir consigo mesmo e com o meio”, explica Dani.

Novo olhar

Ivan Rodrigo Silva Novais, sociólogo especialista em relações digitais, chama a atenção, também, para como o metaverso tende a mudar a forma que enxergamos o espaço. “O metaverso pode ser um espaço de convivência importante, onde as relações e as dinâmicas sociais se aceleram, podem ter mais oportunidades de alterações de consciência de senso”, diz o sociólogo. “O homem moderno passa a ter um processo identitário mais acelerado. Esse tipo de tecnologia vai atingir todos com certa facilidade”.

Barreiras

Mas será que as pessoas estão preparadas para voltar novamente a ‘viver’ no ambiente digital? Afinal, já se vão dois anos em que, devido à pandemia da covid-19, as relações foram transportadas para o ambiente virtual.

“[O metaverso] não será semelhante ao mundo físico. Pode até copiar, mas nenhum robô substitui todas as qualidades do ser humano e isso inclui sentimentos e emoções. Ainda que seja possível replicar isso, nada substitui o toque do corpo, a presença humana, a interação, que foi aquilo que sentimos mais falta durante o período da pandemia. É uma experiência híbrida, como a realidade virtual”, explica Dani sobre essa dificuldade. “O metaverso vem, como qualquer tecnologia. É preciso ter governança sobre ele e não ser apenas o efeito disso. É preciso saber administrar para não começar os desequilíbrios mentais e sociais”.