Web 3.0 e metaverso têm conceitos diversos

Embora tenham concepções diferentes, as duas tecnologias podem se relacionar com criptomoedas e blockchain

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Tempo de leitura: 3 minutos

Por Gino Matos para Mercado Bitcoin

São Paulo — O termo Web 3.0 ganha cada vez mais popularidade, com a nova versão da internet sendo comumente associada a criptomoedas e blockchain, vinculada a privacidade e segurança. Esse novo conceito, contudo, nem sempre fica muito claro.

“Quando usamos os serviços de uma grande empresa de tecnologia atualmente, nossas fotos, publicações e outras informações são armazenadas pela empresa. Caso ela chegue ao fim ou desligue a plataforma, todos esses dados são perdidos. A Web 3.0 é uma versão da internet onde seus dados pertencem apenas a você”, afirma Alexandre Van de Sande, conselheiro da Fundação Ethereum.

Sande diz que a estrutura de coleta de dados vigente utilizada pelas big techs vai contra a Web 3.0, pois expõe o usuário a uma companhia centralizada. Por isso, é normal que palavras como segurança e privacidade apareçam repetidamente quando se fala nesse tipo de inovação.

Diferenças da Web 2.0

Compreender melhor a Web 2.0 pode facilitar o entendimento sobre a importância da Web 3.0. Artur Gontijo, embaixador da Polkadot no Brasil e lead de tecnologia no marketplace de inteligência artificial SingularityNET, utiliza o modelo atual de armazenamento de informações para distinguir os dois conceitos.

“Ao criar um blog, ele fica hospedado em algum serviço centralizado. Quando o número de 100 publicações é atingido, a empresa que hospeda o blog é desligada e todo o conteúdo é perdido. Ainda que o dono do blog tenha cópias de todas as publicações, a plataforma ficará fora do ar até que ele consiga contratar os serviços de outra empresa. Isso é a Web 2.0.”

Gontijo conta que a Web 3.0 é a internet descentralizada, onde dados pertencem aos usuários e as estruturas, como sites, não são hospedadas em servidores de terceiros, mas em toda a rede.

“No exemplo que mencionei, se o dono do blog tivesse usado um banco de dados descentralizado, várias réplicas do conteúdo estariam disponíveis, como acontece com os registros de transações em uma blockchain. As publicações permaneceriam online enquanto toda a rede existisse. Isso já existe, por exemplo, nas exchanges descentralizadas.”

Onde entram a blockchain e as criptomoedas?

É difícil não pensar em blockchain e criptomoedas quando o conceito de descentralização entra em cena. É fácil imaginar diferentes blockchains sendo utilizadas para armazenar informações e viabilizar a criação de uma Web 3.0. Manter uma rede descentralizada, contudo, exige esforços.

“Para que uma blockchain exista e mantenha as informações acessíveis e confiáveis, são oferecidos incentivos, na forma de tokens, para os dispositivos que guardam os registros. É o processo de mineração como conhecemos, onde participantes da rede são recompensados por verificarem e guardarem as informações, sendo esta a relação dos ativos digitais com a Web 3.0″, diz Gontijo.

A relação explica por que, sempre quando se discute Web 3.0, é mencionado o uso de carteiras digitais para interagir nas diferentes plataformas desse ecossistema. Além de ser uma chave de identificação por pseudônimo na internet, a carteira também pode ser para integrar facilmente um usuário às funcionalidades de uma plataforma.

Metaverso não é Web 3.0

Outro conceito em alta é o metaverso, especialmente após o envolvimento da Meta, grupo controlador do Facebook. Embora tenha sido constantemente relacionado à blockchain e às moedas digitais, Sande ressalta que metaverso e Web 3.0 não se misturam.

“O metaverso é o uso de realidade aumentada para interagir em ambiente virtual, e isso não se confunde com Web 3.0. Em alguns casos esses conceitos se tocam, como quando há o uso de NFTs. Nesse caso, há a presença da tecnologia blockchain e descentralização, mas o ecossistema virtual do metaverso não se associa à ideia de internet descentralizada”, diz Sande.

A imagem de uma empresa controlando um ambiente virtual até mesmo colide com a de descentralização, avalia o conselheiro da Fundação Ethereum. “Se o usuário está novamente em posse de seus dados, não faz sentido eu dar isso para uma grande companhia de tecnologia usando um ambiente centralizado.” Sande conclui reforçando que a privacidade e a segurança da Web 3.0 não são dependentes do metaverso.

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