Criptomoedas entram no radar de Visa e Mastercard

De olho nos consumidores que querem usar esses ativos, as duas bandeiras passaram a oferecer produtos com pagamento ligado às criptos

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Por Matheus Mans para Mercado Bitcoin

São Paulo - Em 2021, o valor do mercado global das criptomoedas ultrapassou os US$ 2 trilhões. Com isso as moedas digitais entraram na mira das empresas de pagamentos, como as administradoras de cartões de crédito.

O motivo vai além do plano de ganhar market share: o desejo dos consumidores. De acordo com uma pesquisa recente da Visa feita no Brasil, 28% dos entrevistados querem ser clientes de empresas que tenham criptomoedas em seu portfólio de produtos. Se essas companhias não se atualizarem, o cliente prefere mudar, indicou o levantamento.

“São mais de 300 milhões de criptousuários no mundo. Assim, o universo da criptoeconomia passou a atingir marcas históricas. Não dá para ignorar”, diz Percival Jatobá, vice-presidente de Soluções e Inovação da Visa do Brasil. “Não é por menos que a Visa já vem há algum tempo trabalhando nessa dimensão”.

Na Mastercard não é diferente. A companhia percebeu que muitos clientes de olho nas criptomoedas podem deixar de ser parceiros da marca caso esses ativos digitais fiquem de fora de sua carteira. “Eles querem escolher o método que funciona para eles, querem que funcione quando precisarem e querem que seja simples de acessar e usar”, diz Walter Pimenta, vice-presidente de produtos e inovação da Mastercard América Latina e Caribe.

Em direção às criptos

Em 2021, a Mastercard anunciou o lançamento de um cartão de crédito com um sistema de recompensas em Bitcoin e em mais de 30 outras criptomoedas. A exemplo dos cartões tradicionais já oferecidos pela empresa, o novo produto pode ser usado no varejo físico e online.

A ideia é de que a rede de parceiros da administradora, que inclui bancos e comércio, ofereçam aos consumidores o tradicional cashback, mas agora em criptomoedas.

A Visa ampliou sua atenção nesse cliente que busca criptomoedas para uso no dia a dia, com foco em três áreas: stablecoins, CBDC e NFT. O primeiro caso é o mais interessante. A administradora habilitou, nos Estados Unidos, a possibilidade de as pessoas realizarem transações com a moeda digital USDC. “Temos 160 moedas fiduciárias. E, agora, uma stablecoin”, diz Percival. “A gente começa a conectar o universo fiduciário ao digital”.

No caminho do CBDC, o vice-presidente de Soluções e Inovação da Visa do Brasil conta que está conversando com bancos centrais ao redor do mundo para firmar parcerias. Também discute o assunto com o Banco Central do Brasil, que está desenvolvendo o real digital. Em agosto de 2021, a Visa comprou um NFT da badalada coleção CryptoPunk.

A Mastercard faz movimento similar. Tem uma Plataforma de Teste de Moeda Digital do Banco Central (CBDC) que permite aos bancos centrais avaliarem casos de uso e também testem estratégias de implantação para CBDCs à medida que procuram soluções que se integrem perfeitamente aos métodos de pagamento existentes.

“Acreditamos que essa tecnologia, quando implementada com governança e proteções adequadas, pode fazer parte da solução em muitas áreas, incluindo moedas digitais”, diz Walter Pimenta. “Nós nos vemos como uma ponte entre os operadores do mercado e as criptomoedas. Trazemos recursos de criptografia para bancos, fintechs e varejistas”.