Biden culpa Trump por invasão do Capitólio em 2021

No aniversário de um ano do ocorrido, presidente dos EUA busca aumentar seu índice de aprovação

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Bloomberg — O presidente Joe Biden culpou Donald Trump diretamente pela insurreição no Capitólio dos Estados Unidos há um ano, dizendo que o ex-presidente recorreu à violência para tentar reverter a eleição que perdeu.

Pela primeira vez em nossa história, um presidente não apenas perdeu uma eleição, mas tentou impedir a transferência pacífica do poder enquanto uma multidão violenta invadia o Capitólio”, disse Biden em um discurso nesta quinta-feira (6), marcando o primeiro aniversário da insurreição.

O presidente também pedirá aos legisladores que aprovem uma legislação eleitoral com o objetivo de refutar as mudanças pleiteadas pelos partidários de Trump em governos estaduais em todo o país que visam limitar o acesso ao voto para ausentes e fortalecer os requisitos de identificação.

Biden afirmou que depois que Trump incentivou o ataque ao Capitólio, ele se sentou “na sala de jantar privada do Salão Oval da Casa Branca, assistindo a tudo pela televisão sem fazer nada”.

O discurso faz parte de um dia de cerimônias, com comentários da presidente da Câmara, Nancy Pelosi, junto com outros democratas, e debates sobre democracia. Trump cancelou uma entrevista coletiva originalmente marcada para esta quinta-feira (6) em sua propriedade em Palm Beach, Flórida, a pedido de seus aliados.

A vice-presidente Kamala Harris disse, antes dos comentários de Biden, que a democracia americana continua em risco.

Ela aplaudiu os parlamentares por retornarem ao Capitólio após a manifestação para encerrar a contagem dos votos do colégio eleitoral, certificando a vitória de Biden.

O discurso de Biden, em um lugar que foi invadido há um ano por partidários de Trump que buscavam bloquear a certificação da eleição, é uma oportunidade retórica de reorientar sua presidência para longe das ondas de coronavírus, da luta dentro de seu partido e da inflação persistente. Biden, que raramente menciona seu antecessor desde que assumiu o cargo, pretende se concentrar em questões mais importantes, como a “batalha pela alma da nação” que descreveu em sua campanha eleitoral.

Recuperar o ímpeto político e o apoio dos eleitores moderados, horrorizados com o partidarismo severo e a retórica extremista que culminou no fatídico 6 de janeiro, será crucial para Biden. O novo ano será politicamente decisivo com as eleições de meio de mandato se aproximando.

A maneira mais simples para Biden reverter seus índices de aprovação pode ser reengajar-se com Trump como um obstáculo político. A aprovação do presidente caiu para apenas 40% dos americanos em uma pesquisa do USA Today/Suffolk divulgada na semana passada, motivada por independentes insatisfeitos com seu desempenho.

O presidente e outros líderes democratas estão esperançosos de que o aniversário da insurreição possa aumentar as perspectivas de seu projeto de lei de direitos ao voto.

O líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, disse que tentará novamente aprovar a medida nos próximos dias e pressionará por mudanças nas regras do Senado que dificultariam superar a oposição republicana se os legisladores republicanos utilizarem procedimentos obstrucionistas para impedir a aprovação.

No entanto, funcionários do governo também afirmaram que Biden se sentiu pessoalmente ofendido pelo papel de Trump ao encorajar seus partidários, que então foram ao Capitólio, e pelas posteriores tentativas de legisladores republicanos de minimizar ou evadir os eventos daquele dia. Biden aproveitará a ocasião para emitir um sério aviso sobre o flerte com comportamento não democrático.

Um porta-voz de Trump disse que as críticas de Biden foram uma cortina de fumaça para desviar a atenção de questões como o aumento da inflação.

“Biden não conseguiu unificar seu próprio partido em torno de sua agenda radical, muito menos unificar o país em torno de soluções reais”, disse o porta-voz de Trump, Taylor Budowich, em comunicado. “Portanto, não é surpresa que o dia 6 de janeiro seja utilizado para dividir ainda mais nosso país”.

-- Com a colaboração de Mark Niquette, Billy House e Jenny Leonard.

-- Esta notícia foi traduzida por Bianca Carlos, Localization Specialist da Bloomberg Línea.

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