Bloomberg — O Bank of Montreal concordou em comprar a unidade do Bank of the West do BNP Paribas por US$ 16,3 bilhões, ampliando sua presença nos Estados Unidos e dando à instituição francesa um lucro inesperado antes de seu novo plano estratégico.
O BMO vai financiar a transação, que deve agregar 1,8 milhão de clientes no fechamento do próximo ano, em dinheiro e principalmente com excesso de capital, segundo comunicado divulgado nesta segunda-feira (20). A Bloomberg já havia adiantado o interesse pelo negócio por parte do banco canadense.
“A aquisição adicionará uma escala significativa, expansão para mercados atrativos e recursos que nos permitirão impulsionar maior crescimento, retornos e eficiências”, disse o CEO do BMO, Darryl White, em comunicado.
A aquisição estende a presença do banco no varejo do oeste dos EUA, ao mesmo tempo em que aumenta seu a sua já considerável rede comercial. O banco – quarto maior do Canadá em ativos – já possui uma presença significativa em todo o Meio-Oeste desde a aquisição da Harris Bankcorp na década de 1980 e da aquisição da Marshall & Ilsley há uma década.
O BNP Paribas usará os recursos da venda para recompra de ações, investimentos e negócios complementares, disse o banco com sede em Paris. O negócio vai gerar um ganho de capital líquido de cerca de 2,9 bilhões de euros (US$ 3,3 bilhões) e acrescentar cerca de 170 pontos base ao índice de capital nível 1 (CET1) do credor.
O BNP planeja fazer uma distribuição extraordinária aos acionistas por meio de recompra para compensar o lucro diluído por ação. O valor pode chegar a cerca de 4 bilhões de euros. O BNP espera receber mais 7 bilhões de euros por meio de crescimento orgânico, investimentos em tecnologia e aquisições complementares.
O que diz a Bloomberg Intelligence
Acreditamos que compra da subsidiária do BNP Paribas Bank of the West pelo Bank of Montreal por US$ 16,3 bilhões em dinheiro está no topo das expectativas, com alto potencial para transmitir benefícios financeiros e estratégicos. O negócio apoiará fusões e aquisições na Europa, bem como investimento em tecnologia e crescimento orgânico, e deve financiar uma recompra de 4 bilhões de euros no fechamento em 2022.
-- Jonathan Tyce, analista bancário da BI
As ações do banco francês subiram até 1,6% no início das negociações de Paris, mas fecharam com alta de 0,5%, elevando os ganhos deste ano para 31%.
A transação se soma a uma série de negócios envolvendo instituições do setor bancário dos EUA à medida que aproveitam a ambição de bancos regionais para competir no varejo com os gigantes de Wall Street. Em 2020, o Banco Bilbao Vizcaya Argentaria vendeu suas operações bancárias nos EUA por US$ 11,6 bilhões, seguido este ano pelo MUFG Bank, que vendeu sua franquia nos EUA por US$ 8 bilhões.
Os valuations de bancos dos EUA, já inflados pela atual onda de consolidação, também foram impulsionados pela guinada hawkish do Federal Reserve, destinada a conter a inflação. Enquanto isso, na Europa, a consolidação bancária estagnou: requisitos de capital mais elevados são um obstáculo para grandes negócios internacionais, mesmo quando os mercados permanecem fragmentados.
O programa de recompra de ações de 900 milhões de euros do BNP terminou em dezembro, e o banco deve atualizar as metas e possivelmente anunciar novos planos de retorno de capital no início do próximo ano. A UniCredit da Itália viu suas ações saltarem no início deste mês, depois que a CEO Andrea Orcel anunciou um enorme programa de recompra.
--Com assistência de Kevin Orland.
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